terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Londres – Capitulo I - Harrods

Fui a Londres faz agora 5 graus a menos. Lá, nem por isso fazia. O móbil foi uma visita à minha cunhada imigrada, que tenta, em chances de coragem, mais uma estação de metro nesse comboio que é a sua viagem de vida. È assim com todos nós. Grande admiração pela tua entrega aos sonhos, Di.

Na verdade, a minha mulher queria fazer compras de Natal e lá fomos nós. Temos este prazer em comum. A alternância que vem da mistura de regar o ego com novos objectos pessoais e o enriquecer da mente quando nos embrenhamos em diferentes tempos, pessoas e estações…de metro. Por outras palavras, fazer compras enquanto se sente a historia de um outro povo.

Nesse nosso périplo decidimos ir ao Harrods. Local obrigatório para um parolo como eu que apenas tem dinheiro para entrar porque não se paga à entrada.

Não deixa de ser um fascínio mórbido, da maioria de nós, a ânsia de ver o preço de coisas que não podemos, de facto, comprar. È como voltar aos tempos de escola e sentir que o plafond do nosso cartão de crédito não é mais que a mesada que os nossos pais nos davam para comprar pastilhas gorila e que tornava a compra de uma bicicleta numa utopia reservada aos adultos. Somos crianças novamente a olhar para outro tipo de adultos. É como entrar num Stand da Ferrari. O que é que lá estamos a fazer realmente?

Estamos no Harrods. Mirei o preço de um Cavalo de Pau, em carvalho, como qualquer outro cavalo de pau que se vende na feira. Custava perto de € 6.000,00 (já com a conversão de Libras para Euros). Ou muito me engano ou por este preço comprava um cavalo a sério e forrejo para um ano inteiro. Aparentemente sem lógica à vista. Continuei.

O Harrods tem, no entanto, uma zona para crianças como eu. “Recuerdos” chamar-lhe-iam os espanhóis. Lá comprei umas coisitas que servirão como troféu da minha humilde presença. Pedi para embrulhar. Embrulhar é no piso -1, Sir. No caminho para as escadas passei pela Casa de Banho. Toalhas de linho aquecidas e 6 frascos de perfume, das mais refinadas marcas, à disposição dos clientes. Comecei a entender a lógica do preço do Cavalo de Pau.

Descemos, perfumados, ao Piso-1. Por entre os constantes motivos Egípcios que marcam o espaço, surgia, ao fundo das escadas rolantes, uma espécie de memorial. Honrava o filho morto do dono da casa. Doddy morreu com a mulher que o acompanhava e à qual também era devota a homenagem. Todos nos recordamos do romance, acidente e fatalidade de Doddy e da Princesa de Gales num túnel de Paris, de curioso nome “Tunel da Alma”. Eram dois tontos, provavelmente apaixonados. Uma princesa detentora de segredos de estado e segurança do seu País e um empresário de magnitude com ligações umbilicais a um país do médio oriente…Acabou como era previsível.


Chegamos à zona dos embrulhos. Zona estranhamente calma e sem filas. Perguntei se me podiam fazer um embrulho. A senhora olhou-me com aquele ar paternal próprio de quem reconhece um espécimen fora do seu habitat. Disse-me, educadamente, que o tempo de espera era de 3 horas (!).

A lógica dos preços para “adultos” ganhou uma transparência cristalina.

Quem compra nestes sítios não tem apenas muito dinheiro. Nem são os Cavalos de Pau que me distanciam deste mundo. O abismo é o poder de compra de um dos bens mais preciosos, o tempo.



quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

"O Solista"


Não direi para irem ver “O Solista” de Joe Wrigth.

Especialmente se não me conhecerem

De facto, quando o tema é cinema, abomina-me a criação de expectativas em torno de um qualquer filme que ainda não vi.

Se um conhecido esbugalha os olhos de entusiasmo e se enfia num persistente “Tens de ver, tens de ir ver….promete que vais ver!”, obriga-me a vasculhar todo o armário de registo que tenho dele e cada um dos seus gostos. Depois compará-los com os meus para saber se é seguro sequer ir ao cinema e, por vezes, perguntar porque somos sequer conhecidos.

Se é um amigo a aconselhar, é atroz a penitência de autoflagelo. Não saber o essencial sobre um amigo é imperdoável. Não podemos saber tudo, mas temos de saber se contamos com um “Ed Wood” ou um “Michael Mann” (do pior para o melhor). Se não sabemos isso podemos nos perguntar porque somos amigos sequer.

Se for um crítico cinematográfico, escolho sempre as 3 estrelas. Somo 2 estrelas pelo mérito de ter convencido alguém a pagar-lhe para ver filmes e, movimento reflexo, retiro 2 estrelas pelas alarvidades que lhes sai da bola da esferográfica. Assim como os realizadores portugueses que fazem filmes para os 4 ou 5 amigos lá do clube de Jazz, os críticos escrevem para os 2 ou 3 leitores que lhes percepcionam as entranhas de frustração. Estão atormentados pela tomada de consciência da inabilidade para filmar ou dirigir seja o que for. Até às 2 estrelas concordo com a classificação. Também não é o meu tipo de cinema. Filmes de 4 estrelas são incursões pela zona cinzenta da vida comum. Filmes de 5 estrelas são classificações dadas a obras que nem os críticos entenderam lá muito bem. Eu escolho as 3 estrelas. Tem a ver comigo, mediano.

Voltando ao “O Solista”.

Um filme feito em Hollywood para ser acarinhado na Europa. Um Jamie Foxx soberbo que não está a Solo. Tem um Robert Downey Jr que o acompanha num dueto de emoções cada vez mais raras nos argumentos que pintam as telas de cinema….de Hollywood.



domingo, 15 de novembro de 2009

George Carlin - As Pessoas são chatas

As pessoas são chatas.

Apresentaram-me George Carlin há 3 dias. Ele já morreu há mais de um 1 ano. A maioria das vezes é necessário morrer para se ser conhecido. Menos comuns, pese maior o impacto, são as ocasiões em que a pressão de ser conhecido é a causa da morte.

Robert Enke foi a última vítima conhecida.

Os Antropólogos explicam estes fenómenos. Os hábitos e costumes dos Pré-Socráticos, como Homero e Hesíodo, marcam o inicio do estudo humano sobre os seus próprios….hábitos e costumes.

A Antropologia, desde essa origem, tem sido uma ciência orbital. Um pouco obscura e desconhecida das massas e sem o glamour de alguns dos seus “filhos” como a Sociologia e Psicologia.

George Carlin também era assim. Orbital, marginal, obscuro e sem o glamour comercial de filhos como “Seinfeld” e “Larry David”. Ele era um Antropólogo sem diploma académico.

Não precisava. Percorrer a sua obra é viajar pela genialidade de um homem que, pela arte da observação, desenhou em humor o comportamento do Homem dos nossos dias.

Se fosse um académico seria agraciado com distinção numa tese de doutoramento. Por mim, prefiro agracia-lo pelo caminho que escolheu de artista marginal. Até nessa escolha foi coerente para poder ter a liberdade de se criticar e compreender a si mesmo.

Vale a pena ver, no youtube, “Religion is Bullshit” e “We like War”. No Marcador Fluorescente deixo-vos “People are Boring”.

Genial

George Denis Patrick Carlin (12 de Maio de 1937 – 22 de Junho de 2008)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Jesus trouxe a Luz


Não vamos ganhar a Liga Europa, nem a Taça de Portugal, nem tão pouco o campeonato. E se ganharmos? Para mim, nesta fase, é-me totalmente indiferente. Aceito uma ou outra condição com o mesmo sorriso de alegria.

Fomos à Bola no Saldanha. A nossa estreia no Café 10 do Rui Costa, decorado com Imperiais e Pregos com mostarda e que tem nas paredes estranhos canais de Televisão que, não sei porquê, não consigo sintonizar em casa, foi para ver a primeira derrota do Benfica no campeonato.

Sorri para a minha mulher no fim do Jogo. A Joana, mais encarnada que um pimento, cor que se come agridoce quando se partilha o eterno colorido do Benfica com a cor da nossa pele na fúria de uma derrota, não entendia o meu estado de espírito calmo. Um estado de “Fen Shui” que a Luz mais Brilhante nos traz. A Luz do prazer de ver, passados tantos anos, o Benfica a jogar Futebol.

Hoje, o tempo que dedico a um jogo do Benfica já não é em vão. È um tempo de paz e alegria, tempo de sentir que são substantivas as palavras clichés do Futebolês “trabalhamos a semana toda”. Pois trabalharam. Perdemos. E depois? Como em tudo, neste caso o Futebol, perder e ganhar é a busca incessante do equilíbrio. E o equilíbrio tem sido uma incessante constante. Da constância nasce a regularidade. Se um campeonato de Futebol é uma prova de regularidade, está explicado o meu estado de espírito.

Perdemos o jogo sem perder no orgulho do trabalho árduo e da obra-prima de cada jogada ensaiada.
A provação do fiel é o caminho do vale escuro em que nada é temido. No fundo existirá a Luz. Essa Luz está sempre dentro de nós, mas no caso do Benfica foi mesmo preciso Jesus para a voltarmos a sentir.

Na Terra vizinha do homem Santo

Jesus tem como vizinho um homem santo, Bento. Está abaixo de Jesus na hierarquia divina, mas não deixa de ser um homem santo. Tenta guiar o seu povo pela escuridão do Vale de Alvalade, profundamente escuro. Não lhe reconhecem essa capacidade. Mas da adversidade nasce a iluminação. Bento proferiu as palavras mais bonitas que algum treinador de Futebol Já alguma vez ousou. Quando questionado sobre a eventual pressão que sofria às mãos dos seus fieis, Bento respondeu “ Pressão sente um pai que não consegue dinheiro para alimentar os seus filhos.”
É o homem certo para os fiéis errados.




domingo, 25 de outubro de 2009

Saramago, O Guardião da Bíblia

“Caim” reavivou memórias e o braseiro da polémica atiça uma fogueira que se julgava em rescaldo.

Aos Homens de Deus, do século presente, é vetado o ígneo desejo. As fogueiras são hoje metafóricas, tal como se deseja que seja a leitura da Bíblia. Literal é a ostracização social que advém da liberdade de dissidência. A carne assada da idade das trevas, literal, deu lugar à cozedura de intelectos numa panela de água fervente com molde de cérebro, metafórica. José Saramago não irá arder nem, tão pouco, será possível que lhe cozinhem o intelecto. Nem neste mundo nem no próximo.

José Saramago é o paradigma da defesa de Deus. A sua relação com Ele é como a de um filho que ama e admira secretamente o pai mas que padece de uma relação conturbada nos dilemas das indecisões diárias da figura paterna.

O “Evangelho Segundo Jesus Cristo” foi a toma de coragem na primeira afrontação. Questionou o Pai. Porque havia Ele de deixar que os Homens tivessem feito letra própria de uma palavra que não era a Sua? Que veleidade essa de permitir um Concilio onde foram escolhidos Evangelhos desviantes da sua Vontade? Um Criador deveria interceder e corrigir o caminho dos Homens que criou. Sente que os Homens fazem o que querem da Filosofia de seu Pai. Seja na Bíblia, em doutrina ou cultura Popular. Sente-se defraudado.

A idade não lhe esbateu a coragem de querer entender porquê. Não quer confrontar os seus irmãos. Não lhe interessa. Sabe que são inocentes mesmo quando a crueldade lhes guia a vida. A figura de Pai ausente obrigou os irmãos a fazerem as regras da Casa. Como qualquer Pai que abandona a sua Casa, levou consigo a esperança que os conselhos deixados em “post-it”na porta do frigorífico fossem suficientes e sapientes. Mas os seus filhos, feitos à Sua imagem, têm a mesma prerrogativa do abandono. As regras da Casa, escolhidas e encadernadas, foram o primeiro abandono dos conselhos do Pai. Chamam-lhe Bíblia. Disse ao irmão Carreira das Neves – “A Igreja não percebe nada de Deus”.

Mas não perdoa ao Pai. Não pelo abandono mas porque Este não lhe responde. Tinha prometido que, mesmo ausente, seria omnipresente. Que mesmo sem voz audível nunca deixaria de ser voz presente. Que a sua invisibilidade seria complementada pela luz do caminho a seguir. Mas as Regras da Casa endureciam em imputações de culpa, castigo, penitência e subjugação. Em nome de um Pai ausente e camufladas com um castrante “seria assim que ele desejaria”. Consciente do esventramento do velho “post-it” do frigorífico, não conteve a revolta. Num fôlego desabafou. È um Filho da Puta que trabalhou seis dias, descansou no sétimo e até hoje não fez mais nada. Excedeu-se na metáfora. Deus não tem mãe e o pecado original é posterior à Criação.

José que, ironicamente, tem a graça do pai do Filho do Homem é, de facto, o Guardião do Livro das Regras da Casa.
A idade mental dos irmãos mede-se pelo vociferar violento contra José quando este os questiona. Alguns já foram membros do governo e outros são eurodeputados e deputados.

É que o Livro foi escrito como arma de controlo para que os intelectualmente mais fracos pudessem mandar na Casa e dominar os irmãos que se mantêm fiéis ao “Post-it” do Pai.
Isso deixa de ser possível se o Livro é posto em cheque....ou em forma de cheque... ao Portador.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Farol de César


Meu caro amigo César,

Longe vai o tempo que te conheci no incontornável congresso da Chamusca. Ficou célebre o evento. Era um dourado caldeirão de novas ideias a fervilhar na febre dos amigos novos que se faziam a cada palavra. Análises politicas profundas na medida que a nossa inocência nos permitia e a agregação de sonhos pessoais e colectivos. No fim da safra ficou a demanda de 20 imperiais de cada vez para uma mesa de 9.

Desse tempo para cá ficou uma constante. O César Diogo era de Muge e ostentava com orgulho a origem. Não queria ser de mais lugar nenhum, não ambicionava ser deputado ou ministro. Simplesmente era de Muge e, pilar dessa condição, justificava, per si, a estadia. Um único desejo. Representar a sua terra.

O sufrágio das últimas autárquicas premiou a linha condutora da tua coerência e perseverança.

Ser Presidente da Junta de Freguesia de Muge é representar, defender e zelar com o mais nobre grau, o que sempre representaste. O teu povo. O Povo deMuge.

È por isso que és um Farol. Um Farol de esperança nos Homens que acreditam em sonhos e se mantêm impolutos da pequena política feita de engodos de cargos que pensam querer e que os fazem desviar da crença original.

Não será exagero o titulo do artigo. È tão adequado quanto o teu novo cargo.

Marcador Fluorescente

Uma pessoa, uma ideia.

Depois duas e, contágio, num ápice foram 20.000 a dançar. Celebravam a alegria da dança e da música. No fundamento, celebravam a intensidade de pertencer a uma humanidade que vibra quando pensa ou sente que partilha algo maior.

Foi assim com os “dançarinos” de Alexandre, César, Napoleão, Bolivar, Hitler, Ghandi, Benazir, Evita, Mandela ….


Chocados por estarem todos no mesmo saco? Não é um saco! È o Planeta Terra.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A Coca-Cola da Vida

A minha Avó fez ontem 80 anos de vida. O meu filho fará amanhã 8 meses de uma outra vida.

Renuncie-se aos clichés, frases feitas, filosofias lamechas e outras comiserações. Repudie-se o esotérico das vidas passadas e dos futuros astrológicos. Desconsidere-se as mentes atormentadas que, isoladas em espaços escuros e amorfos, intentam a percepção da sentido da vida.

A vida não tem segredo. Vive-se na importância do agora, do que podemos agarrar num momento e perpetuar na memoria.

Os criativos da Coca-Cola superaram, em três palavras, todos os filósofos na síntese da profundidade do sentido da vida de cada um de nós.

“Enjoy the Moment”

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Pensamento do dia 6 de Outubro

"Quanto melhor conheço os Sistemas Políticos mais feliz fico com o fracasso daquilo que não atingi"

Pedro Miguel Gaspar

domingo, 4 de outubro de 2009

A Birra






Recebi, hoje, uma mensagem de um bom amigo. Passaram 5 dias desde as legislativas e nem um post meu. Puxava-me as orelhas. Respondi. Agarrei as teclas do telemóvel e, atabalhoadamente, tentei justificar.

A verdade é que estou com a birra. Tenho para mim, no entanto, que não sou o único.

Estas legislativas foram marcadas por birras que culminaram no resultado eleitoral que se viu e que pode ter o apogeu na demissão do governo ou, pior, em 4 anos de um marcar passo angustiante de intermináveis negociações à esquerda e direita, com todos a reclamarem o protagonismo de reformas essenciais.

O presságio para os tempos mais próximos é sempre dado nos discursos dos líderes dos vários partidos, logo na noite eleitoral.

Dos últimos para o Primeiros

O PCP congratulou-se com o resultado. Ficou em ultimo mas valorizou a entrada de novos militantes, exortou a renovação de quadros e apoiantes. Não perder votos, num Partido há tantos anos vaticinado como lázaro, é motivo de festa. São sempre os mesmos votos, mas preciosos nesta batalha pela sobrevivência. Vai perpetuar a birra e a cassete. Nada de novo vai trazer a este novo ciclo.

O Bloco de Esquerda rejubilou. A estratégia do Grande Timoneiro foi cumprida. Retirar a maioria absoluta ao Governo em funções. Ainda encheu o peito de ar para dizer que ganharam os Professores. Confundir a ambição de vir a ser um partido de Governo com uma agenda afunilada a algumas classes profissionais irá resultar no esvaziamento rápido deste balão insuflado pela birra de alguns portugueses que teimam em ser mais beneficiados que outros.
Parece uma birra da velha direita…feita por um líder da extrema-esquerda, quiçá revoltado com a alta burguesia portuguesa…da qual faz parte. O crescimento do BE trará, proporcionalmente, o agigantar da sede de protagonismo. Sendo condição haver birras para colher protagonismo, o BE será o grande entrave da recuperação económica do Pais.

O CDS atingiu o Zénite. Cresceu de tal forma que está no limiar de ser um “grande”. O futuro lhe ditará o destino. É um “partido-empresário”. Apostou tudo de forma sustentada. Ou continua a crescer e singra, ou entra em insolvência. Mas tem mérito. Apresentou o seu programa, defendeu-o, esquivou-se às tentações das quezílias de campanha e abriu espaço à direita angustiada pela erosão do PSD. Seja qual for o sentimento que nutramos por Paulo Portas, temos de reconhecer que a sua birra é uma obstinação positiva pelo que defende e que a sua capacidade de entrega é avassaladora.

O PSD teve o mérito de marcar a percentagem exacta de eleitores fixos, ou seja, por pior que seja o programa ou o candidato, neste caso foi um cumulativo de ambos, saberemos sempre que 29% dos votos estão garantidos. Aqui apenas Ferreira Leite fez birra. Antevendo que o PSD não ganhava e que os companheiros com ambições ao cargo de PM se protegiam do calor da fogueira, protagonizou a birra da teimosia e imolou-se. Poucos vieram apagar o fogo e alguns, com retoques de sadismo, ainda lhe solicitam a presença em campanhas autárquicas votadas ao insucesso. Não chega já? Deixem lá a senhora em paz que ela serviu muito bem os companheiros de partido.

O PS perdeu as eleições. Sócrates é o único que não fez uma birra mas, presumo, prepara-se a fazer. Perder a maioria absoluta num Pais que precisa de reformas para recuperar a economia e os equilíbrios sociais é desastroso. Negociar com Louçã? No ocidente temos o habito de não negociar com terroristas. Acordar com Jerónimo? Não. Com o PCP seria adormecer com Jerónimo a passar a cassete do proletariado. Bloco Central? Desproporcional e fora de tempo. Com Portas? Pode mesmo ser a única solução. Pode parecer contranatura, mas a mescla entre o pendor social do Partido Socialista e o rigor das políticas sociais do CDS poderia dar um equilíbrio interessante. Ambos reformadores e ambos estrategas.

Não vai acontecer, certo é.
Mas o que não pode mesmo acontecer é ter um governo manietado, ao sabor dos minutos de prime-time que cada líder quer somar nos media, incapaz de implementar medidas nado-mortas pelos impasses negociais sucessivos onde, para além dos lideres, as corporações vão tentar inverter as reformar até secar completamente um pais que não produz riqueza.

E, será aqui que Sócrates poderá fazer uma Birra das grandes. E lá vamos nós todos direitinhos às urnas de voto.
O timing? Seria interessante coincidir com a escolha do novo Presidente da Republica.

Obrigado pelo puxão de orelhas Sr. Engenheiro!

Fim de Mandato



Terminei a minha missão como Deputado Muncipal em Alpiarça.


Escreve e li o meu discurso de despedida, que partilho convosco. É lamechas...Mas é meu!


"Exma. Sra. Presidente da assembleia municipal
Exma. Sra. Presidente da câmara municipal
Exmos. Srs. Vereadores
Exmos. Srs. Membros da Assembleia Municipal ou Deputados Municipais (com o
Maior respeito pelas instâncias reguladoras destas matérias de forma. E
Com o maior respeito que tenho por todos)

QUERIDOS ALIPARCENSES

Apresento-me hoje, perante todos vós, naquela que será a minha última intervenção nesta câmara enquanto membro da mesma.

Recordo-me da minha tomada de posse, há 8 anos, e do caminho trilhado até ao dia de hoje.
Recordo-me de cada um dos Membros de todas as bancadas, Presidentes, Vereadores e cidadãos atentos que seguiam e seguem pontualmente todas as sessões desta Assembleia.

Recordo-me, também, das argumentações acaloradas, do sussurrar das estratégias nas diferentes bancadas para afinar o discurso. Recordo-me das divergências e recordo-me das convergências.

A marca de água da política é a divergência de opiniões na nascente, argumentada num rio de curvas e turbulências, com o elevado objectivo da convergência possível no encontro final com o mar.

Cesso hoje o meu mandato com tranquilidade. Uma tranquilidade exactamente contrária ao nervosismo do primeiro dia.

Sim, o primeiro dia. Quem não se lembra do primeiro dia de cada momento importante da sua vida. O primeiro dia da escola, o primeiro dia que se é Pai, o primeiro dia que nos dão uma lição.

Seja uma lição de vida, seja uma lição política, também existe um primeiro dia para entender que a aprendizagem é contínua. Esse é o primeiro dia em iniciamos a nossa formação como cidadãos. Seja aos 5 ou aos 50 anos.

Porque divergência é pluralidade e pluralidade é democracia.

Muito debatemos, argumentamos, discutimos. Perguntarão, alguns, para quê?

Permitam-me que responda. Porque do debate nasce a ideia. Da ideia a inovação e da inovação nascem os projectos que tornam algo melhor. Neste caso a nossa terra. È essa a democracia que defendo e defenderei.

Espero ter sido correcto com todos, sobrepondo-se o respeito que tenho pelos adversários ao combate que travei nas matérias que discordava.

Tendo a consciência que vos respeitei, permitam-me também, de forma genuína, agradecer-vos.
Agradecer o que me ensinaram como homem e como politico. Ora discordando, ora apoiando, ora veiculando visões novas sobre a política, a nossa terra e as nossas gentes.

Agradecer a todas as bancadas, à Presidente da Assembleia que acompanhei, aos dois Presidentes de Câmara que apoiei, aos Vereadores do PS e da CDU, aos incansáveis secretários da Mesa, aos líderes das bancadas, aos membros da Assembleia, aos assessores, aos técnicos de som….no fundo aos Alpiarcenses. Porque é essa nossa condição mais nobre.

Hoje desempenhamos uma função, amanhã outra ou mesmo nenhuma. Não importa. O que importa é a função essencial de sermos Alpiarcenses, de sentir que somos desta terra e que essa terra é o nosso verdadeiro “Partido”.

Obrigado.

Pedro Miguel S.B. Gaspar

Membro da Assembleia Municipal de Alpiarça"
Pronto...Já está!
Ninguem bateu uma unica palma.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Pensamento do dia



"Goza com a vida nos intervalos em que ela não goza contigo!"


Pedro Miguel Gaspar

Lixo Europeu e Datas ao Contrário


Os Norte Americanos usam uma expressão que sublima o recalcamento que têm pela Europa. Seja para se referirem aos habitantes, bens de consumo ou cultura, usam o termo “Euro Trash”.

Considerando o tempo de existência Histórica e Cultural dos E.U.A, em comparação com a Velha Europa, é como se estivessem na adolescência. Não são menos capazes, a sua cultura não é inferior, não são piores em nada…são simplesmente adolescentes de borbulhas que desdenham tudo os que os pais dizem e fazem. Nutrem aquele desdém rebelde e meio atabalhoado de quem se quer impor aos “cotas” que os criaram.

Mas foram os “cotas” da Europa que ergueram aquele potentado. E as marcas culturais são indeléveis.

A Cultura na Comida

Os Hambúrgueres são provenientes de Hamburgo e os “Hot Dog” de Frankfurt, ambos levados pelos colonos Alemães.

As Pizzas, canelonis e pastas são de origem Italiana.

As famosas Sanduíches das Delis são vendidas em lojas de origem Francesa (Deli é diminutivo de Delicatessen) com um toque Britânico na origem da palavra Sandwich e utilização de Baguettes Francesas.

Os Tacos, Burritos e Chilli são dos vizinhos Mexicanos.

As Datas ao Contrário....

Mas existe algo nos E.U.A que sempre me intrigou! Porque que raio, sabendo que tudo tem origem no “Euro Trash”, escrevem eles as datas ao contrario?

Colocam primeiro o mês, depois o dia e, finalmente, o ano. O melhor exemplo é a data do trágico atentado às Torres Gémeas, conhecido por nine-eleven. O acontecimento foi a 11 de Setembro, ou seja, 11 do 9. Mas eles insistem em escrever 9 do 11, nine-eleven.

Um destes dias descobri porquê!

Tem origem, também, na Europa. Mas especificamente em Portugal.

Se virem a foto com atenção, já em 1823 se escrevia assim em Portugal! Um chafariz das “AGOAS LIVRES” em Lisboa está datado de OUTUBRO 12 DE 1823!

Onde tirei a foto? Perto do AKI, ao Domingo de manhã, depois de comprar buchas para pendurar coisas lá em casa!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Os dois “V” que faltam a este PSD


O PSD e Manuela Ferreira Leite agonizam na ausência de dois “V´s” que lhes viabilizariam o regresso à Governação. O primeiro “V” é de “Vitesse” e o segundo de ´”Verdade”.
Ambos poderão provocar a ausência de um terceiro "V". O "V" de vitória nas proximas eleições.

O “V” de Vitesse
“Vitesse”, da composição de TGV (Train à Grande Vitesse) foi o primeiro “V” a saltar da carruagem desse comboio regional que é Programa de Governo proposto pelo PSD.
È da memória colectiva a génese desta temática. Imbuídos do espírito de integração económica no mercado europeu, o governo de Durão e Ferreira Leite, em 2003, assinou de cruz a importância estratégica do TGV. E tinham razão.

Portugal é geograficamente periférico em relação ao centro da Europa e, por conseguinte, ao núcleo dos pólos económicos europeus, mas beneficia, na mesma proporção, de uma relação privilegiada com o Atlântico, o que faz de Portugal uma plataforma privilegiada de entrada e saída de mercadorias transatlânticas.

Com o Aeroporto da Portela esgotado em termos de recepção e expedição de mercadorias e estando Alcochete a 10 anos de distancia, os operadores estão a desviar a rota e a entregar a Espanha os bens que transaccionam. Espanha, com visão estratégica e sabendo que Portugal demora sempre, tem construído Aeroportos que funcionam numa lógica de “doca seca” aproveitando esta deficiência de Portugal.

O principio do fim do “V” de Verdade

Começa-se a vislumbrar o segundo “V” que falta a este PSD. O “V” de verdade.

Na ausência de verdade, criou uma metamorfose em ciclo. Vejamos.

Em 2003 viabilizou o projecto. No primeiro debate, Ferreira Leite, rejeitou laconicamente o mesmo projecto que viabilizara em Conselho de Ministros. Percebendo o erro, no dia seguinte, correu, em Grande Vitesse, na tentativa de voltar aos carris. Disse que suspendia até melhor análise e negociação com os Espanhóis. As pessoas entenderam que seria uma e a mesma coisa e os Espanhóis desconfiados, desconfiaram.

Passando pelo “U” de União

Hoje, fiquei atónico com mais um passo da metamorfose. Ferreira Leite percebeu que não são os espanhóis que decidem. È a União Europeia que decide porque é co-financiadora do projecto. A União Europeia financia porque, efectivamente, quer beneficiar os Espanhóis. Assim como os Franceses, Alemães, Polacos e todos os outros membros da União.

Beneficia principalmente os Portugueses que, fazendo parte da União Europeia, devem usufruir das vantagens económicas de estarem integrados numa rede Europeia de Transportes, que nos facilite a fluência empresarial com os nossos parceiros e com o bónus de sermos nós a potencial plataforma logística de mercadoria marítima para toda a Europa.

Afinal beneficia os espanhóis aqueles que inviabilizarem o TGV e nos mantiverem no isolacionismo do mercado europeu da transacção de mercadorias.

Visto em perspectiva, este é apenas mais um pequeno passo para a União Europeia como forma de se consolidar em termos económicos, prosseguindo a construção de uma União de Países que se entre ajudam para serem mais fortes num mundo globalizado. È por isso que lhe chamamos União.

Um “D” de demagogia

Mas de pequenos passos se fazem grandes caminhadas. E a visão da líder do PSD, que ambiciona governar o Pais, torna-se ainda mais tacanha quando vem dizer, agora, que “nim” ao TGV dependendo de mais regalias de fundos comunitários para outras áreas, sem quais nem como.

A extrema-unção do “V” de Verdade

Fecha o ciclo da Metamorfose. Amanhã, regressa a 2003, já será a favor e dirá aos parceiros europeus que tudo não passou de campanha eleitoral.

Falta à “Verdade” que, de forma panfletária, apregoa numa Vitesse de inconstância que só lembra ao seu companheiro Santana Lopes.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Revigorante Almoço


Os empresários do Distrito de Santarém almoçaram, a 15 de Setembro de 2009, com o Secretário-Geral do PS, José Sócrates.

A adesão massiva de empresários, com a inerente exposição pública que acarreta um almoço de campanha de um Partido Politico, é reveladora e um marco político e social em Portugal.


A classe empresarial, da qual sou candidato, é acometida de um prurido culturalmente Português. Recatada, prefere não se envolver com receio do previsível prejuízo da sua empresa por apoiar um candidato e, dessa forma, perder clientes afectos a outras forças partidárias.


Os Portugueses, de todas as Classes estão, no entanto, a mudar. Privilegiam hoje o mérito do trabalho em detrimento da enfadonha obrigação de ter de trabalhar. Acarinham o seu posto de trabalho e interligam direitos e deveres laborais na sua equitativa proporção.


A Classe empresarial faz, também, a saudável transição entre a velha escola dos Patrões e a nova escola de Empresários que se norteia pelo envolvimento nas suas organizações em busca de uma melhoria continua.


Sócrates representa essa nova vaga de empreendedores que se sustentam na confiança, motivação e coragem de decidir. Porque uma má decisão é sempre preferível a decisão nenhuma.
Galvaniza-se na adversidade, obstina-se nos contratempos e mantém o Rumo da estratégia definida. Tal como um gestor. Foi assim durante os últimos quatro anos.


E foi por isso que os empresários aderiram em massa. Por verem e sentirem, pela primeira vez, que um Primeiro-Ministro Português tirou a gravata burocrática para trabalhar no terreno, envolvendo-se nos problemas reais do País, negociando realidades com os parceiros sociais, apoiando a inovação em sectores estratégicos e promovendo progressivamente a reforma das “velhas escolas”, reajustando sempre que necessário. Mas sempre seguindo a estratégia definida para tornar Portugal um País de excelência.


È isso que distingue Sócrates. A promoção do equilíbrio do esforço de todos os Portugueses, empresários ou não, na construção de um País onde cada um possa sentir, genuinamente, que o seu trabalho é valorizado tanto quanto o do seu concidadão mais próximo.



segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Vá ao "Marcador fluorescente"..e Ilumine-se

Passaram, não do 8 para o 80 mas do 1 para o 100.


Ouvir e sentir Obama faz parecer iverossímil a propria existência de Bush na Historia dos E.UA.


Para os apreciadores de Estadistas e Oradores...e para aqueles que almejam a excelência na practica politica.


Manuela Ferreira Sócrates




Campeonato da 2ª Circular

Manuela Ferreira Leite faz-me lembrar os últimos anos do Benfica.



Contratavam-se treinadores de renome e reconhecida competência….e estrangeiros. Iludiam-se os adeptos que, ávidos de sucesso, prostravam-se na ausência de raciocínio lógico ao não entender que, por melhor que seja o treinador, este tem de conhecer o Clube, o campeonato e ter bons jogadores para ganhar. Ferreira leite é o treinador...estrangeiro. O Clube é o PSD e os jogadores são aqueles que não tiveram lugar em nenhuma equipa de nenhum conselho de administração e ficaram encalhados no campeonato da retórica Parlamentar.

Hercúleo esforço este de dirigir uma equipa que não se escolheu. Podemos disfarçar muitas coisas, mas é muito difícil irradiar alegria quando dirigimos um grupo de trabalho que, além de não termos escolhidos, detestamos visceralmente.

E, acredito piamente que os poucos que escolheu, são erros de casting. Começando no que disse na Madeira sobre o conceito democrático, passando por um programa de Governo de 39 (!?) páginas a acabando na preparação do debate com Sócrates.

Curiosamente Sócrates é do Benfica e os Dias Ferreira (Leite) são do Sporting.




O Debate



Sócrates entrou ao ataque para provocar a irritação da oponente. Irritados, dizemos o que pensamos verdadeiramente. Tenho para mim que Ferreira Leite disse o que pensava, mas não disse o que tinha planeado e o que queria maquilhado.



Sobre o regime democrático na Madeira foi forçada, porque a coerência é moeda de ouro na política, a reafirmar o que havia dito sobre os 20 anos de maiorias absolutas de Alberto João Jardim. Existem muitos países de 3º mundo onde estas democracias são vigentes. Ao defender este principio contradiz o seu desejo de alternância democrática e, cereja, a sua própria candidatura. Se Sócrates tem maioria absoluta e esse é o caminho democrático e de desenvolvimento, então está a apelar ao voto no PS…para os próximos 20 anos.

Um Programa de Governo, que define o rumo e estratégia para o País e para todos os Portugueses, com 39 páginas, tem o mérito de um trabalho de fim de semestre de um aluno do 10º ano. Defender, depois, que é pequeno porque só se escreve o que se pretende mudar, além da assunção do bom trabalho desenvolvido pelo Governo em funções, é o mesmo que o aluno dizer ao professor que tem tudo feito mas perdeu a mochila no autocarro.


A Alta Velocidade marcou a diferença de andamento. Sócrates defende, Manuela suspende. São posições legítimas. A argumentação é que me preocupa. No tempo do Dr. Salazar era proibido vender e consumir Coca-Cola em Portugal. A razão era simples. Isolava-se Portugal em termos económicos mas protegiam-se os superiores interesses nacionais….do único produtor de Laranjada. Ferreira Leite usa o mesmo ideário para suspender o TGV. Isolar Portugal da Europa, neste caso sem propósito aparente, só para fazer pirraça aos malandros dos espanhóis que nos querem pagar taxas pelos produtos que transportaremos para lá e que provêm de todo o mundo utilizando Portugal como entrada estratégica de mercadorias na Europa. O TGV é Europeu e a economia também.


Nada de estranho para quem já defendeu a suspensão do Regime democrático por 6 meses.


O Bloco Central


Manuela, ao contrário de Sócrates, repudia qualquer entendimento pós-eleitoral com o PS. Concordo plenamente. Será impossível governar o País com um bloco central quando já se vê a luz ao fundo da crise. Sócrates é astuto. Não fechou a porta a um entendimento pela mesmíssima razão. Os Portugueses percebem que as maiorias absolutas são mais produtivas que as relativas ou governar em minoria. Com isto, ambos forçam o voto dos Portugueses e, sem o dizer, apelam ao voto útil. Na dúvida, entre quem está disposto a ceder e quem é intransigente, vão optar pela moderação. Cansados da intransigência das reformas de um governo maioritário, irão votar num Sócrates disposto a ceder…O mesmo Sócrates que chefiou esse governo.


Não sou vidente mas Sócrates não só vai ganhar, como vai ver a maioria absoluta ser reforçada.


Quatro Anos de Quarta Classe


O próximo Primeiro-ministro terá méritos e deméritos. Irá, inevitavelmente, errar e acertar. O que não é inevitável é termos de ouvir, nos próximos 4 anos, milhares de horas de registo vocal da Dr.ª Manuela Ferreira Leite. Dirão que é discriminatório penalizar alguém pela imagem, postura e timbre de voz. Mas já que temos que penar com algumas decisões de um primeiro-ministro, que não seja a toque de cana de uma Professora Primária dos anos 50, de régua na mão e com aquele olhar sobranceiro que nos remete a um patamar de estupidez e pequenez.


Se outras razões não fossem já certezas, esta, per si, seria basta.


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Loiça de Sócrates

Louça cedeu à tentação de poder.....Poder Governar.

Iniciou a pré-campanha alinhado no registo de fita magnética gasta do PCP e, aparentemente sólido como uma rocha, afirmou que jamais faria uma coligação com o PS para governar.

No debate de ontem, com Sócrates, tentou fazer a suave transição, da rocha dura para a pedra-pomes. Já não renuncia a um ministério, ofuscado pela luz do poder.

È compreensível. Sendo Socialista deste sempre, como reiterou, é entendível que, após tantos anos de trabalho, já é merecida uma recompensa e um reconhecimento do povo Português.

Na presença do candidato José Sócrates, ainda Primeiro-Ministro, quis mostrar que está pronto e no ponto. Vestiu uma postura de estado (mas com o cuidado de não ostentar gravata) e desenhou uma estratégia de discurso diplomático e de estado para debater com um secretamente desejado futuro chefe.

Sócrates não dançou nessa fogueira e, constante da sua personalidade política, estava preparado. Sabia da importância do debate, consciente de tantos outros no plenário com Louça, optou por debater e clarificar, usando a estratégia de Louça…

Louça lidera um movimento fracturante e anti-sistema. Tem por timbre o esmiuçar de cada detalhe governativo e, munido de uma oratória populista, ataca consecutivamente qualquer governo.

Foi Sócrates, desta vez, que se sentou na bancada da oposição, e pediu esclarecimentos a Louça sobre o Programa de Governo do Bloco. Apanhou-o no nervo ciático. Não existem explicações para programas inexequíveis. Só existe demagogia que, inevitavelmente, nos atira para fora da rota da realidade presente.

È bonito, assim como construir uma máquina do tempo e ir ver como o meu tetravô conquistou a minha tetravó, mas não passa disso mesmo. Impossibilidades.

Quem sabe que nunca chega ao poder tem a faculdade do poder de iludir e, nefastamente, dizer o que as pessoas supostamente querem que ouvir.

Sócrates ganhou o Debate e passou a mensagem que apenas dois partidos estão em condições de poder Governar. E a estratégia foi tão simples.

È que ao longo dos últimos quatro anos, Sócrates foi forçado a lutar no campo de batalha que Louça lhe preparava meticulosamente. Aprendeu a sobreviver em território hostil.

Louça, ao contrário, nunca foi governante. Não conhece o terreno.
Sócrates seduziu-o a interpretar esse “roll-play”…
E Louça partiu-se…Como Loiça.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

"TOTÓS"

Lembram-se daquele “Totó” que havia em todas as turmas e que tirava sempre boas notas?

Alvo de eleição para partidas e tropelias era o “Totó”, invariavelmente, o primeiro a ser premiado com uma alcunha.

Seguia-se um ano lectivo de solidão para este triste ser. A solidão e isolacionismo eram constantes que caminhavam a par e passo com outra constante. Os bons resultados escolares.

Hoje, à distancia, consigo perceber o porquê. O “Totó” era um mau exemplo para os outros. Como trabalhava e se esforçava por objectivos e resultados, tinha de ser ridicularizado. Se os seus pares caíssem na asneira de fazer dele um exemplo, então todos tinham de trabalhar ao seu ritmo, provar do seu esforço e amargurar por tempos de brincadeira perdidos.
Acresce o problema de que a figura de “Totó” transitaria para o puto com pinta de brigão que teria de bater em muito mais gente.

A luta entre Sindicatos dos Professores e Ministério da Educação não é muito diferente. Existem “totós”, putos brigões e miúdos que só querem mesmo é passar de ano.

Ao longo dos anos os professores foram desenhando, dentro da sua Classe, as suas próprias personagens. Os “totós”, poucos, foram-se dedicando à escola, aos alunos e à pedagogia. Os putos brigões faziam excursões da “sande e mini” à Av. 5 de Outubro, arrastando os que só sonham em passar de ano, para reclamar mais direitos.

Deveres?
Apenas aqueles que são exigidos aos alunos, ou seja, aparecer lá na escola, assinar o livro de ponto e já está.

Depois era esperar que os anos fossem passando. Passando o tempo e passeando pelos buracos desse coadouro da não existencia de qualquer critério de avaliação, para chegar à reforma com o mesmo vencimento dos colegas “Totós”… que ficaram na escola, a trabalhar.

Os alunos, pelo menos, para além da presença física, ainda tinham de apresentar resultados para serem avaliados pelos Professores. Professores que, por sua vez, avaliavam e ajudavam a criar mais “Tótós”.

O que ninguém parece perceber é que os alunos, vão questionando a autoridade, pelo menos moral, dos seus mestres.

Valerá a pena ser “totó” quando se tem pela frente, como modelo a seguir, um “puto brigão”?

domingo, 6 de setembro de 2009

30 Catarina




Tão poucas palavras para um agradecimento tão intenso.

As lágrimas, genuínas como tu, chegaram ainda a tempo de envolverem as palmas dos amigos e mesmo a tempo de se fundirem com o fumo das velas do teu bolo de aniversário.

Registei, uma por uma, cada palavra. Não foi difícil por serem poucas, foi por serem tão sentidas. Sentidas por ti e por quem te ama.

“30 Anos, 30 pessoas…as pessoas mais importantes da minha vida”.

A minha singela homenagem, na honra de pertencer a esse punhado pessoas que tens no coração, é contar-te o que não viste…na tua própria festa.

Como um caranguejo

Começo pelo fim. Arribei a casa sóbrio e exausto. Não Cayolla, nem sempre te posso acompanhar. Perdoa-me a falta de solidariedade, meu bom amigo. Exausto, não da festa, mas da espontânea tarefa de consultor, da qual foi incumbido, para futuros Papás. Foram workshops sucessivos a carecer de sensibilidade estratégica para não influenciar decisões e acordos firmados entre pombinhos. Sóbrio pela mesma razão.
Recebidos, eu e a Joana, por uma esplendorosa aniversariante, linda de morena e de branco vestida, fomos encaminhados, de imediato, para o quarto. (espero que ninguém leia este paragrafo isolado, não vá parecer que eu e a minha mulher fomos a outro tipo de festa).

O Quarto da Catarina

Conclave no Quarto, iniciei os meus labores. O André apanhou-me e, naquele registo de sorriso contagiante e sincero, com um humor inteligente e refinado que é a sua marca água, esbofeteou-me sucessivamente e sem piedade com todas as perguntas que se lembrou sobre a paternidade. Dei-lhe a realidade nua e crua, sempre supervisionada com a experiencia do Gonçalo que já tem 4 anos maravilhosos de Diana. Fiz o meu melhor, mas fiz mal. Dizer-lhe que acordo ao Sábado às 06h30 arrasou-lhe os sonhos de uma paternidade breve. Querida amiga Carla, perdoa-me que não sei o que faço, nem tão pouco o que digo!

Enganar criancinhas

Mas quem “ensina” também aprende. Contou-me, o André, como se engana um filho. Em duas experiencias. Uma na primeira pessoa e outra como observador. Observou nos Açores, com a sua Carla, como é que uns amigos, que têm um pequenote que só gosta de Bife, lhe dão peixe para comer. Para enganarem o petiz fazem polvo gizado, cortam os braços do bicho às fatias e tiram os tentáculos. O petiz pergunta o que é aquilo. Eles dizem que é “Bife de Polvo, filho!”. E o puto sorve o suculento bife enquanto o imagina o animal a pastar numa pradaria.
Na primeira pessoa, ele próprio, como vitima destes esquemas escabrosos do Pais. Para largar a chucha prometam-lhe que lhe dariam um equipamento do Benfica. Ela largou a chucha mas deram-lhe apenas uma bandeira. Hoje, ainda traumatizado, relata a história com os olhos molhados. Comprou lugar cativo na luz, presumo eu, para compensar o desconsolo da abstinência da chucha.

Conselhos Parvos

A Carla e o Daniel também quiseram saber um pouco mais deste desporto radical de ser Pai. O que lhes contei do parto da Joana, do facto de ela não dormir 8 horas seguidas há quase 7 meses e da revolução da vida burguesa que se leva antes de ter um filho, empurrou a Carla para uma reflexão mais ponderada. O Daniel, no seu registo alternativo que não cessa de me surpreender, dissertou sobre o Diploma de Mérito que Mussolini atribuía às mães italianas com mais de 4 filhos.

O Telmo e a Inês continuam eufóricos com a aproximação da data do nó. Perguntou-me, quando saiamos às 2 da manhã, assim do nada, se eu tinha algum conselho para lhe dar, como que saído da algibeira. Aquela hora, com vinho Cheda do Douro, disse-lhe que podia ser boa ideia fazer um Ramadão até ao casamento para ter uma Lua-de-Mel inesquecível. Por falar em conselhos parvos….

A Varanda

Na varanda, em animada conversa com o Gonçalo, ele repara na reluzente menina que esta sozinha na outra ponta. Pergunta-me se eu a conheço e se posso fazer as honras. Viro-me e vejo a minha boa e fiel amiga Joana Quirino…que já é noiva do Gonçalo. Entro na brincadeira. Ela não se mostra interessada. Diz-me que a Morangoska lhe assenta melhor que os olhos azuis do meu amigo. No fundo é amor profundo. Afinal, a Joana e o Gonçalo, vão casar já daqui a 2011.

O Pedro Catarino

Entra o co-anfitrião em cena. O Pedro é um companheiro fantástico. Para a sua Catarina e para os amigos. Perfil discreto mas sempre presente, não permite que ninguém se sinta sozinho. Na varanda, na cozinha, no quarto, na sala. O Pedro está em todo o lado, tem sempre algo inteligente para dizer, mesmo depois de ouvir, durante intermináveis minutos, teorias e lamurias sobre os jogos de sombras do mundo da política. Concluiu, para os que se queixavam das deslealdades, facadas nas costas, rasteiras e tropelias, com uma frase que nos estalou na cara;
“Mas essas são as regras, não são?”

Chegar antes para contar depois

Desta vez não fomos os últimos. Para quem, como eu, tem o hábito nefasto das más relações com os relógios, chegar antes e receber os outros é uma experiência que aconselho. Aprende-se imenso porque cada pessoa que chega vem imbuída num pensamento e numa história anseia partilhar com os amigos.

A Minie vinha radiante de Londres. Tinha viajado em classe executiva, na Easy Jet, na companhia do Económico CEO da Virgin Portugal.

O Miguel tinha vindo de Londres, também, mas propositadamente para festa da sua “irmã”. Vinha com Gripe A mas não o podíamos mandar embora depois de todo aquele sacrifício. Ele lá ia dizendo que era do Ar Condicionado mas a malta passou a grande parte da festa a lavar e a esfregar as mãos pensando nos folhetos e anúncios que nos infestam de medo. Tenho cá para mim que os accionistas da Roche também esfregam as mãos, mas não é com água.

A Nádia, minha futura colega de Governo, contagia-me sempre com o sorriso aberto e com uma energia positiva tão própria dos bons. Não falámos muito mas fumámos uns cigarros enquanto se assistia à vida privada dos vizinhos da frente.

Paulinha, a cidadã. Já não nos víamos há muitas luas mas existem coisas que não mudam. A Paulinha é daquele tipo de pessoas que não se esquecem e com quem reiniciamos uma conversa que ficou a meio, há mais de um ano, como se tivesse ocorrido a semana passada. Inolvidável.

Enjoar o desenjoo

A Sofia reconheceu-me. Sem fato e gravata, no registo informal que tanto gosto, falámos sobre a maratona que é enjoar e desenjoar dos restaurantes na zona onde trabalhamos. A Marta Telles concordava. Somos todos vizinhos. È um circo e um ciclo. Vamos uns meses a um restaurante e enjoamos. Passamos ao próximo e voltamos a enjoar. Até que damos por nós a almoçar no primeiro que enjoamos,já enjoados de todos os outros.
Até falamos de um tal restaurante na Av 5 de Outubro que, segundo a Sofia, tem empregadas "recicladas". Ingénuo, quis saber mais sobre esse conceito. “Epá, trabalhavam todas numa casa de meninas quando eram mais novas. Agora são empregadas de mesa”. Pensando bem Sofia…

2.oo p.m.

Senti uma vibração no bolso das calças. A Joana já estava à minha espera. O Telmo, a Inês a Sofia eram as damas de companhia de minha dama. A Rua estava lotada de novas cores, tendências e gostos. A Catarina, anfitriã e bar-killer, já não se importa muito. Despedi-me e desci. Rua abaixo, fui falando com o Telmo sobre os putos de hoje em dia. Tatuados, trongos no vestir, radiantes no calçar e todos furados, parece que não têm valores nem objectivos. Claro que têm. São os deles. Necessariamente diferentes dos nossos, para que possam sentir a amargura da crítica, a ousadia de ser diferente , o gosto de estar desalinhado. Nós também crescemos assim. Agarrados a um barco prestes a naufragar a todo momento, lutámos, ganhámos força. A maioria chegou à costa. È por isso que hoje olhamos para este presente com o desdém de marinheiros com pele de cortiça, feitos noutros tempos.

Cai o Pano

Cai o Pano, fim de festa. Nem por isso. A festa de um amigo especial nunca acaba, porque nos fica para sempre impressa. È a nossa memória, faz parte indelével da nossa vida, da nossa identidade.

Porque a identidade de um só é possível com a partilha da identidade de outro.

Parabéns Catarina Lins

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Logica do Tuberculo


Ligou-me um amigo.


Queixou-se intensamente desta forma de trabalhar à Portuguesa, caótica e desorganizada.
Tirou do peito, em desabafo, a angústia de trabalhar num sistema onde tudo é urgente sem o ser e onde o contrário também é verdade, onde o dia de ontem também conta como prazo para qualquer coisa que nos pedem hoje, não poder raciocinar, planificar e acabar embrulhado na desorganização que contraria tudo o que se deseja fazer com perfeição.


Falou ainda das incongruentes e constantes pressões de trabalho transformadas em casos de vida ou morte que, colocadas em perspectiva, daqui a um par de meses, têm tanta importância como as fraldas dos cavalos que passeiam turistas NOS Jerónimos. Nenhuma. E mais um chorrilho de considerações sobre esta forma desgastante de trabalhar à Portuguesa.

Quando terminou disse-lhe,


“Ainda bem que trabalhamos à Portuguesa!”


Ficou indignado. Recuperou a tempo de me perguntar porquê.


“Porque é em Portugal que trabalhamos.”


Tão velho como o mundo "Em Roma sê Romano"




quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Cuidem dos meus netinhos



A política está, de facto, a mudar. E o PSD está na vanguarda da inovação. A visão de futuro, plasmada na sua campanha eleitoral, é esmagadora.


A prova está nos “dizeres” dos cartazes que, entretanto, espalhou pelo Pais.


Utilizar o espaço, tempo e dinheiro da campanha a apelar ao voto no PS é uma estratégia de um arrojo que pasma.
Será, também, o primeiro Partido político a conseguir a proeza profética de produzir frases de campanha que são actuais hoje, durante a campanha, se ganhar ou se perder e durante o mandato do próximo governo.


Vejamos com atenção duas das frases de campanha deste PSD peregrino.


“Olhem por quem mais precisa” e “Façam Politica com as pessoas”


O PSD apela para que alguém, que não o PSD, que venha a governar, olhe por quem mais precisa e que faça politica com as pessoas. Se sentisse que tinha condições para governar escreveria “Olharemos por quem mais precisa” e “Faremos Politica com as pessoas”


Se assim for, que se dê o mérito da hombridade ao PSD. Não tendo programa, não apresentando soluções para o Pais e na certeza que tem uma lista de candidatos a deputados risível, sabe que não conseguirá governar. A bem da Nação, desiste antes de começar …e utiliza a campanha para dar conselhos ao futuro governo.


E se ganhar ?


Se ganhar, a Manuela Ferreira Leite terá que encaixar o Santana Lopes no Governo, verificar se o António Preto volta a Portugal cada vez que for de férias para o estrangeiro e olhar com carinho materno para um Pacheco Pereira a tentar encontrar Santarém num mapa da Michelin de 1989.


E, assim sendo, não dará por mal empregue o dinheiro que gastou nos cartazes. Vai precisar deles mais que nunca e continuarão actuais. Dessa forma tentará pela cansaço da mensagem repetitiva, como num “1984” de George Orwell, que os seus companheiros de direita cumpram as suas promessas de esquerda.


Poderá, então, de qualquer uma das formas, cuidar dos netitos com a consciência que prestou um serviço ao País.


O sublime da inovação está no facto de ter a meta e a linha de partida no mesmo sítio e de estar sempre actual mesmo que fora de tempo.


Concorre para não ganhar e ganha se perder….Apenas perde se ganhar. Mas, nesse caso de probabilidade absurda, perderemos todos.



segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Aquela Festa



Demorei 10 dias a compor, no meu fragmentado cérebro, as palavras certas que espelhassem o Jubilo que senti na minha festa de aniversário. A minha (inexcedível, diga-se) mulher, organizou a melhor festa de aniversário que já tive.


Não consigo, confirma-se gramaticalmente inviável, agradecer por palavras todo o esforço e empenho que a minha mulher dedicou a organizar esta festa. A minha sogra Dolores deu aquela constante e inestimável ajuda para que tudo acontecesse.


Com o devido desconto de me ter espiolhado o telefone, conspirado e mentido inclusivamente com os dentes do siso que ainda nem lhe nasceram, o resultado final foi assombrosamente bom! Fica a Jurisprudência caseira…Em sede de causa maior, lembrem-se que alguns fins justificam os meios!
Depois lá em casa conversamos, agora que já me passou a ressaca (o vinho era bom que era uma miséria – Sogro Dix It)


Nem sequer faltou a pessoa mais importante. O meu filho Santiago! Até ele sabia mas nem nas mudas da fralda se descoseu, pelo menos metaforicamente. Deu-me um beijo quando saí (a Horas!!!) de casa para Jantar. Apenas me disse, com o olhar, que não gostava lá muito que eu lhe chama-se “filho de um bêbado”, como fiz no dia seguinte ao casamento da Rita e do Pancada na Zambujeira do Mar.


Em jeito, com esperança no trejeito das palavras, fica a minha homenagem aos amigos:


“Estavam escondidos num corredor estreito. Era aconchegante para uns e aborrecido para outros. A ideia só podia ser do Nuno Antão. Não perde uma oportunidade para envolver os amigos com calor humano. Quando entrei no restaurante com a Joana, deu-se o grito do Ipiranga e vai de soltar os prisioneiros. Foi refrescante para uns e…aborrecido para outros.


O Miguel Pires, inconfundivelmente genuíno, deu-me aquele abraço que lhe traça o perfil, aproveitando para traçar o meu “ Malandrão!” – Tratou-me carinhosamente como sempre me trata.
Senti cada abraço e cada beijo enquanto me recompunha da surpresa e lhe fazia a metamorfose para a alegria eufórica.


Sentamo-nos à mesa. Estava em “U”, bem-disposta, como nós. Tive a honra de provar o primeiro trago do Vinho escolhido pelo Restaurante. O senhor que serviu, brasileiro de seu nome, perguntou-me se estava bom. Disse-lhe que era uma merda. Ele anuiu, encheu-me o copo e trouxe mais garrafas. Começou aqui o namoro do brasileiro com o Chico Miguel. Acabou em bem. O Chico Miguel, sensato, decidiu-se por levar a Rita para o Maxim (já lá chego) para desgosto de tão formoso baiano.


Trocámos de Vinho com a superior anuência do afamado enólogo Nuno Cayolla, que nas suas arriscadas expedições ao Douro me tem relatado os segredos do néctar e que, á minha direita, me fazia gestos codificados (eu acho que aquilo eram sinais de jogador de Sueca, mas não entendo nada de cartas) com os quais ritmava o saltar das rolhas. O Pedro Catarino validava. Mais discreto sorriu para mim como que a dizer que o Cayolla ainda “tinha o que era preciso”!
A Catarina Lins estava neste enclave. Ao lado do seu Pedro, tendo como painel frontal o Enólogo, a sempre fiel Minie e a Sofia, debatia-se entre a alegria do Jantar e a solidariedade que sentia pelos vizinhos do Restaurante que queriam dormir. Por fim, olhou para a Minie e disse “Que se lixem, tivessem tirado Direito e esta espelunca já estava fechada”. A Minie , que é muito sensorial mas ainda não lê pensamentos, levou com a frase de chofre e sem contexto. Apoiou-se na amiga Sofia que estava ao seu lado. “Estás a ver Sofia? Eu não te digo que esta miúda anda a trabalhar demais? Quando ela põe a mão na anca, ui, ui!” A Sofia riu-se para mim. Dedo circular na zona da têmpora, situou-se geograficamente. Estava rodeada de malucos.


Maluca estava a Quirino. Nas nuvens e “noivens” com o grande Gonçalo (que fez anos a 25 e me deu a honra de partilhar comigo o primeiro pedaço do seu aniversário), oferecia-me a irmandade do perdão. É preciso ser maluca para perdoar um gajo que, um mês antes, se tinha esquecido de lhe ligar a dar os parabéns. Como se não bastasse, vai à festa de aniversário desse meliante em vésperas de comemorar o aniversário do Gonçalo noivo. E todos sabemos que temos de estar muito em forma nesses dias. Sinto-te como uma irmã, Joana Quirino!!!


As surpresas não acabavam. O Telmo e a Inês chegaram um pouco mais tarde. Reconheça-se o esforço deste homem que tinha avião marcado, nessa madrugada, para Washington e que, com a sua “macaquita”, bateu Lisboa até ter coragem para se aproximar do embrulho do Ipod que , também, me viria a oferecer! O vinho até lhe caiu mal, mas o gesto ficou-lhe tão bem! Amigo Telmo isso é de homem (não é panisga)! Amiga Inês, aceita lá o Mercedes que o rapaz está cheio de força!


Com a barriga bem cheia (pelo menos de vinho), era hora dos “pesentes”! O Justino enviou-me um queijo. Até aqui se vê o quão genuíno é um amigo. É este o Justino que eu admiro, um homem de personalidade inconfundível. Existem queijos mais valiosos que Ferraris.


A Rita e o João ofereceram-me uma Garrafa autografada. Rita, vou guardar aquele vinho. Um dia serás uma enóloga de renome internacional. Vou ter o mesmo orgulho na amizade, a garrafa, para mim, vai ter o mesmo valor sentimental….Mas não é todos os dias que se tem, em casa, um Livro de Saramago autografado.


A Sónia e o Nuno Lazaro ofereceram-me um Livro do Obama. Vou ler com carinho…Mas apenas para confirmar o que já me foi ensinado por vocês dois. O que dizemos, quem somos e o que nos une é esse desejo inabalável por algo melhor para os nossos filhos. A admiração que tenho por vocês, em separado como indivíduos, e pela família que são, num todo, é gigante!


O Ipod que o Telmo acabou por eleger como melhor presente da noite foi, também, da Joana Quirino, Gonçalo, Catarina Lins, Pedro Catarino, Nuno Cayolla, Minie, Sofia, Inês, Rita, Pancada, Miguel Pires e Nuno Antão. Vou lá gravar a minha voz. Depois vou aprender a escrever e, quem sabe, um dia, não sai dali uma coisa gira!
E não me posso esquecer dos que não puderam mas que quiseram. Para mim, Joana Quirino, também um simples telefonema tem muita importância! :-)


O Tito, expert em tácticas evasivas de controlo Aeroportuário de gado bravio, ligou para me avisar que, sem ele, ninguém podia entrar na Portela.


O Mitxo cuidava da Prol na Praia da Rocha. Senti-lhe a sinceridade de sempre e sei que não estava porque não podia mesmo. Mas podia o mais importante e o mais importante aconteceu.


O Paulo Miguel, companheiro das 50 e de outras cavalarias, melhor piloto que já conheci e com quem ia indo desta para melhor à saída da Chamusca (Yamaha Diversion 600, lembras-te?), também nem precisava de me dizer ao telefone. Sei que não estava só mesmo porque não podia.


Por fim, mas não no fim, veio o Zé Braza (amo-te “marmão”) e a minha cunhadinha Daniel. Deram-me uma caixa e fizeram-me correr mundo. Na viagem estava incluído um teaser . Seria hoje que me fariam sair do Armário? Pois foi, cedi. Despi o pai de família e vesti o Mankini (aquilo não é assim tão mau. Tenho de o pôr ao uso lá em casa). Felizmente pensaram em tudo. E deram-me tudo para nada me faltar. Sabiam que nada tinha para mostrar e, até nisso, mostraram toda a Fraternidade. Lá vinham os enchimentos para parecer bem na foto. Banana de tamanho europeu (não fosse parecer a coisa artificial) e palha para o volume (onde raio foste desencantar palha verdadeira, Zé?). Simplesmente Genial!


Assim fomos rindo e bebendo. O vinho estava melhor, que a língua era de cortiça. Mas era preciso ir beber mais um copo.


Saímos do Restaurante Às 02h00 manhã. O Chico lá ia explicando ao brasileiro que não podia ir connosco.
Saímos brindados pela água benta dos vizinhos sem sono. O vinho, sempre bom conselheiro, fez-me desafiar o sacana para um mano a mano à moda antiga. “Agarrem-me que eu vou-me a ele”. Felizmente que ele não desceu. Levar uma carga de porrada no dia de anos não me parece um bom programa.


Maxim, chegámos.


O Manuel João Vieira não estava. Bem, ele, verdadeiramente, nunca está bem onde está, mesmo que esteja onde estamos, com ele. Foi ele que, há dois anos, me deu bons conselhos de casamento na minha despedida de solteiro. Se resulta? Bem, continuo casado, não continuo?


Sentámo-nos num dos cubículos vintage que fizeram a delicia de miúdos e graúdos em idos tempos. A mistura desse imaginário com aquela espécie de carpete vermelha que reveste os sofás gastos é genial.


A noite era de Jazz. A minha mulher foi falar com o DJ. Hugo Pedro era o nome. Jeff Buckley era urgente. O palco era nosso enquanto a sopeira do Bar não parava de me pedir notas de 20 euros.
A Rita deu-me a honra de dançar “I´m your Man” de Leonard Cohen, o mestre, em palco. A minha mulher discutia animadamente com o Nuno Antão e com o Chico Miguel. O tema era o mesmo de todas as minhas noites de amigos. Politica. Nuno Cayolla era o mediador, não dizia nada. Um capacete azul da ONU. Culpa do Chico Miguel. Às 5 da manhã a picar o proletariado da política?


Sobreviveram alguns mas, no meu imaginário, ficaram todos.
Depois de todo um trabalho de 2 meses, a minha mulher ainda levou o carro para casa, deitou-me, puxou-me uma mantinha e deu-me um beijo na testa!
Como pagar esta divida? Não se pagam dividas a quem partilha connosco um amor incondicional. Apenas temos de tentar ser um pouco melhores todos os dias. Amo-te.


No outro dia não chamei “filho de um bêbado” ao Santiago. Não chamei mas pensei, com o único neurónio sobrevivente. Ele percebeu. Disse que não tinha mal. A única coisa que queria era que jamais esquecesse o valor dos amigos. Todos os que vieram e, também, os que não puderam. E a coragem da Sónia e do Nuno Lazaro que deixaram o amigo dele, o Afonso, em Alpiarça, que ainda mama de 3 em 3 horas, para vir a Lisboa Jantar com o pai.

Não é preciso que me recordes, filho. Jamais. "
Se chegaram aqui, tomem lá o video!!!
Obrigado,meu Amor!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sexo Abrupto ...Aprender à Bruta

Sentado na cadeira do Soba, desabafava com a minha mulher sobre a falta de leitores do meu Blog. A génese do Blog nunca brotou de megalomanias literárias. Mas ter apenas um comentário num dos post´s também é ridículo.

Disse-lhe que a melhor solução era criar um blog sobre sexo.
Sexo “vende” sempre. Curiosamente, também, sempre se comprou e vendeu.

Mas, para abordar este tema, é preciso um subtema. Se erguermos o tema sexo teremos, certamente, que ser mais explícitos..tão explícitos como o próprio. Por outras palavras, sexo é tão vago como marisco. Uns vão pensar em gambas, outros em lagosta, outros em amêijoas à Bulhão Pato…poucos vão chegar ao requinte de adicionar cerejas e champanhe…Mas isso era conversa para o resto da noite.


Quis saber, na sua perspectiva, que subtema seria do meu domínio ou que fosse interessante para criar um Blog que alguém gostasse de ler.


A minha mulher sugeriu então o tema: “Sexo depois da parentalidade”.
Meditei sobre a sugestão e respondi-lhe algumas horas depois.


“Não posso fazer um Blog sobre sexo depois da parentalidade ……É que não tenho nada para escrever lá!”

Conselho do Duende:


As respostas espontâneas são as mais profundamente genuínas que ouvirás, se apenas te deres ao trabalho de reflectir sobre elas.
Não faças perguntas para as quais não queres ouvir a resposta.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Comam mais Bolas


Vendedor de Bolas de Berlim. Palmilha areia, discurso ensaiado e gasto como a solas dos pés comidas da areia.

"Chegaram as bolas da Ti Maria. Quentinhas, boas e fresquinhas! Olha as bolinhas!" Castiga os gémeos ate ao próximo cliente.

"Senhor, aqui por favor" -alguém reclama.

"Com ou sem?" – pergunta em código da confraria das Bolas de Berlim.
"Sem!" - resposta pronta de quem já se deu mal com os cremes ou se da mal com os conceitos da dieta.
A diferença é ténue. Mas é sem creme.

Ainda no mesmo cliente, enquanto a bola rola para o saco de plástico, continua a adiantar serviço - "Venham ver como são belas e frescas as bolinhas. E como andar de carrossel, mete um euro e é sempre a andar” - (confesso que esta não percebi)

"Olhe lá, quando e que agua aquece? É que está um gelo...." - Volte face na conversa, o cliente procura, também, comer da sabedoria deste homem das areias.

O vendedor de bolas tira a mascara e põe um ar contemplativo.
"Meu amigo, enquanto predominar o vento norte e as marés mediterrâneas não agitarem a quietude do mar, não se irá pronunciar o levante. Até lá, se quer água quente, aconselho-o a ficar na toalha....... Bolas, olha as famosas bolas da Ti Maria, quentinhas. Bolas fresquinhas! "
E seguiu o seu caminho. Rouxinol Faduncho dix it


Sabemos que é um erro julgar pelas aparências. Maior erro é julgar antes de ouvir.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Tony Carreira Complexo


Mirava, atento aos seus movimentos, o meu filho. Deitado no ovo, num limiar ténue entre a birra e o sorriso, mostra-se mestre e senhor daquele exíguo espaço côncavo, universo seu, em azul mar.

Parei, ansioso de entender os meus próprios movimentos, estes interiores. A complexidade dos movimentos de alma aparentava contrastar com a genuinidade de um novo ser de sorriso aberto.

Grande o engano, maior a aprendizagem.

A genuinidade é complexa e deve ser servida com uma guarnição de simplicidade.

Nem de propósito, alvíssaras a uma compra que fiz na Estação de Serviço de Santarém, liguei o itunes e, random, Tony Carreira…..

O momento foi perfeito. O emaranhado ordenado do que sentia ao som da planura intelectual do Tony.
Momentos complexos devem ser acompanhados de músicas simples.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Marinho Pinto, esse ser original

Marinho Pinto, bastonário da Ordem está na TV, outra vez. Debate, sozinho, contra todos, visíveis e por vislumbrar, numa parábola perfeita sobre os interesses de uma Ordem. È dos Advogados, neste caso. Mas podia ser qualquer outra, até mesmo religiosa, não teria importância.

A sua luta, que me traz à memória a vanglória do cavaleiro que investia contra Moinhos espanhóis, é um marco. Não pelo que se discute, nem tão pouco pelos interesses de classe que pouco afectam o País. A marca que ferra a quente, é a reforma involuntária que este homem, mesmo que de forma inconsciente, aos tiques reverenciais tão próprios dos Portugueses entre si, numa ridícula insistência submissa de uns aos outros pelas posições Sociais. Tem 800 anos esta historia.

Rogério Alves, seu antecessor, hábil na retórica, posiciona-se com um pé em cada barricada. Defende o Romantismo da Classe e o timbre endeusado que deve ter um Bastonário em contraponto à rudeza de quem o sucedeu. Configura-se como senador e acena num aviso à navegação. “Cuidado Marinho que nos cai a mascara e ainda se fica a saber que somos homens como os demais”. São ambos visionários. O que sobra de diplomacia e caldos de galinha ao primeiro, escasseia em polidez e pedra-pomes ao segundo.

Um genuíno amigo que tenho disse-me algo que norteia os sistemas. È como se fosse uma viagem. Inicia-se com uma ideia e objectiva-se que termine com a sua concretização. Os sistemas não se mudam partindo do lado de fora para alterar o que lá está dentro. Conquistam-se por dentro e reformam-se depois para fora. O problema reside no facto de, quando no poder, se estar demasiado comprometido e formatado para reformar o que se sonhou quando se iniciou essa viagem.

O pioneirismo de Marinho Pinto, não obstante eventuais interesses próprios, está no ponto de ter conquistado o poder, de forma aparentemente impoluta, e de ter seguido, dessa forma, um caminho demolidor de reforma, tendo conquistado o sonho da sua viagem.
Obviamente não estamos preparados para isto. Vai cair no esquecimento, para um dia mais tarde ser recordado. Mas deixa a sua marca indelével.

A marca de quem, mesmo que consideremos errada e errónea, ousou fazer o que prometeu, com o estilo com que sempre se apresentou, atolando quem pensou que a professa ousadia seria diluída pela agua reconfortante do poder.

Não foi. Pensemos antes de nos submetermos.

domingo, 17 de maio de 2009

Manias Muitas, Obamas Poucas

O olhar era frontal, próprio das pessoas genuínas. A voz, pese doce, era firme. O assunto, esse, era sério. Nesse fim de tarde, a minha interlocutora, fulminou-me com uma frase que não esquecerei. “Sabes Pedro, acredito na serenidade que vem da competência”.
Continuámos a trocar outras impressões, num entendimento silencioso mas consciente de que a competência, seja ela pessoal, profissional ou política, só pode, e deve, ser avaliada pelos outros, mas que a nossa serenidade interior jamais é abalada por quem nunca entendeu ou professou deste conceito.
No meu caminho para casa, não pude deixar de reflectir sobre o impacto que as competências e apetências têm na vida de cada um de nós. A forma como o nosso percurso de vida pode ser, positivamente, afectado, fazendo-nos percorrer dispersos caminhos, que em última análise, nos tragam estímulo e enriquecimento interior.
Urgia a procura de respostas. Decidi então conciliar um prazer impagável, que é empurrar o meu carrinho de bebé, num solarengo passeio pela Feira do Livro de Lisboa, com esta demanda pela excelência. Algo me fez parar. Num banco discreto, com roupagem modesta, de quem se quer camuflar na multidão, estava um homem sentado. As sobrancelhas carregam-lhe a idade e o olhar cabisbaixo, de quem se sente observado, não faziam adivinhar que, mesmo à minha frente, estava o maior pensador Português vivo. José Gil. Hesitei na abordagem, invariavelmente constrangedora, que provoca esse choque entre um anónimo e uma celebridade que não o escolheu ser. Avancei. Trocamos impressões de circunstância antes de, num fôlego de arrojo, lhe perguntar; “ O senhor é o maior pensador português vivo. Como se atinge essa excelência?”. Levantou os olhos e abriu um sorriso cúmplice, desarmando-me. Já sem armas, decidiu despir-me por completo com a resposta que me deu; “ E qual o valor de quem fez esse juízo de valor?”
Pus o livro autografado debaixo do braço e segui com aquelas palavras.
Os Homens reconheceram capacidades nos seus pares, no entanto, ao longo da Historia e ainda nos dias de hoje, essa competência ou excelência carece sempre de uma oportunidade. Era preciso “nascer com essa condição”, herdá-la ou que alguém nos abrisse uma porta, nos desse a mão e, no limite, recorrer a essa portentosa “instituição” que é a “cunha” para, só depois, se poder pôr em prática as capacidades e competências de cada um.
Basta que nos lembremos que no Século XVIII o Maestro Salieri era uma celebridade e que Mozart apenas mais um compositor de Viena.
Torna-se cada vez mais claro que o sistema está ao contrário. E a política, assim como a forma de a fazer, também estará. Esse mítico mundo da política, que não é mais do que o espelho do que somos enquanto sociedade, para as coisas boas e para as más, está a mudar de forma profundamente suave. A novidade não está na mutação, está no “profundamente suave”. O mundo, afinal, muda todos os dias, e a política sendo parte integrante dessa sinfonia de vontades, sensibilidades e visões que o Homem projecta num mundo que não escolheu para viver, deveria ser a batuta certeira, de equilíbrio reconfortante. Mas ainda não o é.
Nos nossos dias nasce o conceito de “Meritocracia” personificada, recentemente, em “Obamania”. De facto, há 8 anos atrás, um Afro Americano de nome Barak Obama, apanhou um avião para poder participar na Convenção Democrática dos Estados Unidos da América. Negaram-lhe o acesso à convenção. Ficou, sozinho, a ver a convenção pela televisão. Mas isso não lhe pôs freio aos sonhos, não lhe guilhotinou a vontade. Continuou a trabalhar, estar junto do povo e, principalmente a acreditar. Hoje é Presidente. Já fazemos homenagens a personagens que ainda não morreram, festejamos o novo nome de uma Avenida ao lado do homem que lhe dá nome e, aos poucos, largamos o pudico crivo da Historia para reconhecer os nossos pares durante o seu tempo útil de vida.

O futuro próximo, da política e dos políticos, será similar. Será esta a revolução que sucede a Abril. A revolução suave, pese embora profunda, de acreditar e trabalhar com mérito para poder dar a quem vota uma escolha que, cada um de nós, sinta como verdadeiramente sua e não como algo em “segunda-mão”.

Obama não foi só mania, porque as manias de hoje não nos trarão Obamas amanhã.

Pedro Miguel Gaspar