segunda-feira, 7 de setembro de 2009

"TOTÓS"

Lembram-se daquele “Totó” que havia em todas as turmas e que tirava sempre boas notas?

Alvo de eleição para partidas e tropelias era o “Totó”, invariavelmente, o primeiro a ser premiado com uma alcunha.

Seguia-se um ano lectivo de solidão para este triste ser. A solidão e isolacionismo eram constantes que caminhavam a par e passo com outra constante. Os bons resultados escolares.

Hoje, à distancia, consigo perceber o porquê. O “Totó” era um mau exemplo para os outros. Como trabalhava e se esforçava por objectivos e resultados, tinha de ser ridicularizado. Se os seus pares caíssem na asneira de fazer dele um exemplo, então todos tinham de trabalhar ao seu ritmo, provar do seu esforço e amargurar por tempos de brincadeira perdidos.
Acresce o problema de que a figura de “Totó” transitaria para o puto com pinta de brigão que teria de bater em muito mais gente.

A luta entre Sindicatos dos Professores e Ministério da Educação não é muito diferente. Existem “totós”, putos brigões e miúdos que só querem mesmo é passar de ano.

Ao longo dos anos os professores foram desenhando, dentro da sua Classe, as suas próprias personagens. Os “totós”, poucos, foram-se dedicando à escola, aos alunos e à pedagogia. Os putos brigões faziam excursões da “sande e mini” à Av. 5 de Outubro, arrastando os que só sonham em passar de ano, para reclamar mais direitos.

Deveres?
Apenas aqueles que são exigidos aos alunos, ou seja, aparecer lá na escola, assinar o livro de ponto e já está.

Depois era esperar que os anos fossem passando. Passando o tempo e passeando pelos buracos desse coadouro da não existencia de qualquer critério de avaliação, para chegar à reforma com o mesmo vencimento dos colegas “Totós”… que ficaram na escola, a trabalhar.

Os alunos, pelo menos, para além da presença física, ainda tinham de apresentar resultados para serem avaliados pelos Professores. Professores que, por sua vez, avaliavam e ajudavam a criar mais “Tótós”.

O que ninguém parece perceber é que os alunos, vão questionando a autoridade, pelo menos moral, dos seus mestres.

Valerá a pena ser “totó” quando se tem pela frente, como modelo a seguir, um “puto brigão”?

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