quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Cuidem dos meus netinhos



A política está, de facto, a mudar. E o PSD está na vanguarda da inovação. A visão de futuro, plasmada na sua campanha eleitoral, é esmagadora.


A prova está nos “dizeres” dos cartazes que, entretanto, espalhou pelo Pais.


Utilizar o espaço, tempo e dinheiro da campanha a apelar ao voto no PS é uma estratégia de um arrojo que pasma.
Será, também, o primeiro Partido político a conseguir a proeza profética de produzir frases de campanha que são actuais hoje, durante a campanha, se ganhar ou se perder e durante o mandato do próximo governo.


Vejamos com atenção duas das frases de campanha deste PSD peregrino.


“Olhem por quem mais precisa” e “Façam Politica com as pessoas”


O PSD apela para que alguém, que não o PSD, que venha a governar, olhe por quem mais precisa e que faça politica com as pessoas. Se sentisse que tinha condições para governar escreveria “Olharemos por quem mais precisa” e “Faremos Politica com as pessoas”


Se assim for, que se dê o mérito da hombridade ao PSD. Não tendo programa, não apresentando soluções para o Pais e na certeza que tem uma lista de candidatos a deputados risível, sabe que não conseguirá governar. A bem da Nação, desiste antes de começar …e utiliza a campanha para dar conselhos ao futuro governo.


E se ganhar ?


Se ganhar, a Manuela Ferreira Leite terá que encaixar o Santana Lopes no Governo, verificar se o António Preto volta a Portugal cada vez que for de férias para o estrangeiro e olhar com carinho materno para um Pacheco Pereira a tentar encontrar Santarém num mapa da Michelin de 1989.


E, assim sendo, não dará por mal empregue o dinheiro que gastou nos cartazes. Vai precisar deles mais que nunca e continuarão actuais. Dessa forma tentará pela cansaço da mensagem repetitiva, como num “1984” de George Orwell, que os seus companheiros de direita cumpram as suas promessas de esquerda.


Poderá, então, de qualquer uma das formas, cuidar dos netitos com a consciência que prestou um serviço ao País.


O sublime da inovação está no facto de ter a meta e a linha de partida no mesmo sítio e de estar sempre actual mesmo que fora de tempo.


Concorre para não ganhar e ganha se perder….Apenas perde se ganhar. Mas, nesse caso de probabilidade absurda, perderemos todos.



segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Aquela Festa



Demorei 10 dias a compor, no meu fragmentado cérebro, as palavras certas que espelhassem o Jubilo que senti na minha festa de aniversário. A minha (inexcedível, diga-se) mulher, organizou a melhor festa de aniversário que já tive.


Não consigo, confirma-se gramaticalmente inviável, agradecer por palavras todo o esforço e empenho que a minha mulher dedicou a organizar esta festa. A minha sogra Dolores deu aquela constante e inestimável ajuda para que tudo acontecesse.


Com o devido desconto de me ter espiolhado o telefone, conspirado e mentido inclusivamente com os dentes do siso que ainda nem lhe nasceram, o resultado final foi assombrosamente bom! Fica a Jurisprudência caseira…Em sede de causa maior, lembrem-se que alguns fins justificam os meios!
Depois lá em casa conversamos, agora que já me passou a ressaca (o vinho era bom que era uma miséria – Sogro Dix It)


Nem sequer faltou a pessoa mais importante. O meu filho Santiago! Até ele sabia mas nem nas mudas da fralda se descoseu, pelo menos metaforicamente. Deu-me um beijo quando saí (a Horas!!!) de casa para Jantar. Apenas me disse, com o olhar, que não gostava lá muito que eu lhe chama-se “filho de um bêbado”, como fiz no dia seguinte ao casamento da Rita e do Pancada na Zambujeira do Mar.


Em jeito, com esperança no trejeito das palavras, fica a minha homenagem aos amigos:


“Estavam escondidos num corredor estreito. Era aconchegante para uns e aborrecido para outros. A ideia só podia ser do Nuno Antão. Não perde uma oportunidade para envolver os amigos com calor humano. Quando entrei no restaurante com a Joana, deu-se o grito do Ipiranga e vai de soltar os prisioneiros. Foi refrescante para uns e…aborrecido para outros.


O Miguel Pires, inconfundivelmente genuíno, deu-me aquele abraço que lhe traça o perfil, aproveitando para traçar o meu “ Malandrão!” – Tratou-me carinhosamente como sempre me trata.
Senti cada abraço e cada beijo enquanto me recompunha da surpresa e lhe fazia a metamorfose para a alegria eufórica.


Sentamo-nos à mesa. Estava em “U”, bem-disposta, como nós. Tive a honra de provar o primeiro trago do Vinho escolhido pelo Restaurante. O senhor que serviu, brasileiro de seu nome, perguntou-me se estava bom. Disse-lhe que era uma merda. Ele anuiu, encheu-me o copo e trouxe mais garrafas. Começou aqui o namoro do brasileiro com o Chico Miguel. Acabou em bem. O Chico Miguel, sensato, decidiu-se por levar a Rita para o Maxim (já lá chego) para desgosto de tão formoso baiano.


Trocámos de Vinho com a superior anuência do afamado enólogo Nuno Cayolla, que nas suas arriscadas expedições ao Douro me tem relatado os segredos do néctar e que, á minha direita, me fazia gestos codificados (eu acho que aquilo eram sinais de jogador de Sueca, mas não entendo nada de cartas) com os quais ritmava o saltar das rolhas. O Pedro Catarino validava. Mais discreto sorriu para mim como que a dizer que o Cayolla ainda “tinha o que era preciso”!
A Catarina Lins estava neste enclave. Ao lado do seu Pedro, tendo como painel frontal o Enólogo, a sempre fiel Minie e a Sofia, debatia-se entre a alegria do Jantar e a solidariedade que sentia pelos vizinhos do Restaurante que queriam dormir. Por fim, olhou para a Minie e disse “Que se lixem, tivessem tirado Direito e esta espelunca já estava fechada”. A Minie , que é muito sensorial mas ainda não lê pensamentos, levou com a frase de chofre e sem contexto. Apoiou-se na amiga Sofia que estava ao seu lado. “Estás a ver Sofia? Eu não te digo que esta miúda anda a trabalhar demais? Quando ela põe a mão na anca, ui, ui!” A Sofia riu-se para mim. Dedo circular na zona da têmpora, situou-se geograficamente. Estava rodeada de malucos.


Maluca estava a Quirino. Nas nuvens e “noivens” com o grande Gonçalo (que fez anos a 25 e me deu a honra de partilhar comigo o primeiro pedaço do seu aniversário), oferecia-me a irmandade do perdão. É preciso ser maluca para perdoar um gajo que, um mês antes, se tinha esquecido de lhe ligar a dar os parabéns. Como se não bastasse, vai à festa de aniversário desse meliante em vésperas de comemorar o aniversário do Gonçalo noivo. E todos sabemos que temos de estar muito em forma nesses dias. Sinto-te como uma irmã, Joana Quirino!!!


As surpresas não acabavam. O Telmo e a Inês chegaram um pouco mais tarde. Reconheça-se o esforço deste homem que tinha avião marcado, nessa madrugada, para Washington e que, com a sua “macaquita”, bateu Lisboa até ter coragem para se aproximar do embrulho do Ipod que , também, me viria a oferecer! O vinho até lhe caiu mal, mas o gesto ficou-lhe tão bem! Amigo Telmo isso é de homem (não é panisga)! Amiga Inês, aceita lá o Mercedes que o rapaz está cheio de força!


Com a barriga bem cheia (pelo menos de vinho), era hora dos “pesentes”! O Justino enviou-me um queijo. Até aqui se vê o quão genuíno é um amigo. É este o Justino que eu admiro, um homem de personalidade inconfundível. Existem queijos mais valiosos que Ferraris.


A Rita e o João ofereceram-me uma Garrafa autografada. Rita, vou guardar aquele vinho. Um dia serás uma enóloga de renome internacional. Vou ter o mesmo orgulho na amizade, a garrafa, para mim, vai ter o mesmo valor sentimental….Mas não é todos os dias que se tem, em casa, um Livro de Saramago autografado.


A Sónia e o Nuno Lazaro ofereceram-me um Livro do Obama. Vou ler com carinho…Mas apenas para confirmar o que já me foi ensinado por vocês dois. O que dizemos, quem somos e o que nos une é esse desejo inabalável por algo melhor para os nossos filhos. A admiração que tenho por vocês, em separado como indivíduos, e pela família que são, num todo, é gigante!


O Ipod que o Telmo acabou por eleger como melhor presente da noite foi, também, da Joana Quirino, Gonçalo, Catarina Lins, Pedro Catarino, Nuno Cayolla, Minie, Sofia, Inês, Rita, Pancada, Miguel Pires e Nuno Antão. Vou lá gravar a minha voz. Depois vou aprender a escrever e, quem sabe, um dia, não sai dali uma coisa gira!
E não me posso esquecer dos que não puderam mas que quiseram. Para mim, Joana Quirino, também um simples telefonema tem muita importância! :-)


O Tito, expert em tácticas evasivas de controlo Aeroportuário de gado bravio, ligou para me avisar que, sem ele, ninguém podia entrar na Portela.


O Mitxo cuidava da Prol na Praia da Rocha. Senti-lhe a sinceridade de sempre e sei que não estava porque não podia mesmo. Mas podia o mais importante e o mais importante aconteceu.


O Paulo Miguel, companheiro das 50 e de outras cavalarias, melhor piloto que já conheci e com quem ia indo desta para melhor à saída da Chamusca (Yamaha Diversion 600, lembras-te?), também nem precisava de me dizer ao telefone. Sei que não estava só mesmo porque não podia.


Por fim, mas não no fim, veio o Zé Braza (amo-te “marmão”) e a minha cunhadinha Daniel. Deram-me uma caixa e fizeram-me correr mundo. Na viagem estava incluído um teaser . Seria hoje que me fariam sair do Armário? Pois foi, cedi. Despi o pai de família e vesti o Mankini (aquilo não é assim tão mau. Tenho de o pôr ao uso lá em casa). Felizmente pensaram em tudo. E deram-me tudo para nada me faltar. Sabiam que nada tinha para mostrar e, até nisso, mostraram toda a Fraternidade. Lá vinham os enchimentos para parecer bem na foto. Banana de tamanho europeu (não fosse parecer a coisa artificial) e palha para o volume (onde raio foste desencantar palha verdadeira, Zé?). Simplesmente Genial!


Assim fomos rindo e bebendo. O vinho estava melhor, que a língua era de cortiça. Mas era preciso ir beber mais um copo.


Saímos do Restaurante Às 02h00 manhã. O Chico lá ia explicando ao brasileiro que não podia ir connosco.
Saímos brindados pela água benta dos vizinhos sem sono. O vinho, sempre bom conselheiro, fez-me desafiar o sacana para um mano a mano à moda antiga. “Agarrem-me que eu vou-me a ele”. Felizmente que ele não desceu. Levar uma carga de porrada no dia de anos não me parece um bom programa.


Maxim, chegámos.


O Manuel João Vieira não estava. Bem, ele, verdadeiramente, nunca está bem onde está, mesmo que esteja onde estamos, com ele. Foi ele que, há dois anos, me deu bons conselhos de casamento na minha despedida de solteiro. Se resulta? Bem, continuo casado, não continuo?


Sentámo-nos num dos cubículos vintage que fizeram a delicia de miúdos e graúdos em idos tempos. A mistura desse imaginário com aquela espécie de carpete vermelha que reveste os sofás gastos é genial.


A noite era de Jazz. A minha mulher foi falar com o DJ. Hugo Pedro era o nome. Jeff Buckley era urgente. O palco era nosso enquanto a sopeira do Bar não parava de me pedir notas de 20 euros.
A Rita deu-me a honra de dançar “I´m your Man” de Leonard Cohen, o mestre, em palco. A minha mulher discutia animadamente com o Nuno Antão e com o Chico Miguel. O tema era o mesmo de todas as minhas noites de amigos. Politica. Nuno Cayolla era o mediador, não dizia nada. Um capacete azul da ONU. Culpa do Chico Miguel. Às 5 da manhã a picar o proletariado da política?


Sobreviveram alguns mas, no meu imaginário, ficaram todos.
Depois de todo um trabalho de 2 meses, a minha mulher ainda levou o carro para casa, deitou-me, puxou-me uma mantinha e deu-me um beijo na testa!
Como pagar esta divida? Não se pagam dividas a quem partilha connosco um amor incondicional. Apenas temos de tentar ser um pouco melhores todos os dias. Amo-te.


No outro dia não chamei “filho de um bêbado” ao Santiago. Não chamei mas pensei, com o único neurónio sobrevivente. Ele percebeu. Disse que não tinha mal. A única coisa que queria era que jamais esquecesse o valor dos amigos. Todos os que vieram e, também, os que não puderam. E a coragem da Sónia e do Nuno Lazaro que deixaram o amigo dele, o Afonso, em Alpiarça, que ainda mama de 3 em 3 horas, para vir a Lisboa Jantar com o pai.

Não é preciso que me recordes, filho. Jamais. "
Se chegaram aqui, tomem lá o video!!!
Obrigado,meu Amor!