sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Benfica Bíblico



Por 30 dinheiros saiu Judas que , há muitas luas, se mascarava de Jesus no campo sagrado. 

O Código do seu nome , JJ, contribuiu para confundir os fiéis. Mas Jorge não era Jesus. Judas era o seu nome de família . 

Na catedral da Luz, idolatrou-se o falso profeta. Os fiéis sentiam, no entanto, que o caminho era JJ. Que seria essa sigla mística a levar o Glorioso pelo caminho sagrado . 

Revelado foi o falso profeta. Filho da tentação e filho dos infiéis, retornou para a casa de seus pais, lá longe , do outro lado, onde se perdem as botas. 

Levou, com arrogância, a sigla mística, JJ. Mesmo não sabendo pronunciar estas duas letras de seguida, não se inibiu de as levar. 

Mas o Senhor tem caminhos misteriosos. E aos justos , providenciou a perpetuação da sigla divina.

E fez-se Luz . E JJ continua na Luz. 

Hoje sob a forma de guerreiros do Senhor. 

Jonas e Jimenez. 

Salvas aos céus , que em bom Português fala o Senhor . Amém . 


segunda-feira, 13 de julho de 2015

O pequeno cantor português

Esperei ansioso para ver o noticiário das 8 . Queria ouvir ouvir os fervorosos elogios que os líderes europeus iam fazer ao PPM (pequeno-primeiro-ministro) Português. Desejava que fosse em várias línguas que o fizessem . Ao género do Euro-Festival da canção. Vinha o Alemão e saudava Portugal com uma litrosa na mão. 10 pontos para o pequeno cantor luso . Depois o Francês emocionado pela surpresa de tamanho gênio que descende dos outros dos Bidon Ville . Quase um filho adoptivo . 10 pontos da França. O Inglês!  Aí , o Inglês não se continha em lágrimas.  Exultava Portugal e o seu pequeno representante. Porque eles ingleses sim , eram o nosso mais antigo aliado. Esta malta não perde uma para colher uns louros . 10 Pontos . Até Malta votou .  Não se sabe bem porquê, mas deve ser por a malta aqui usar a palavra malta. 11 pontos ! Novo recorde do Festival . 

O jubilo não era fora de proporção. Afinal o pequeno-primeiro-ministro acabara de salvar o povo Grego e, por conseguinte, a Europa . Da sua genialidade havia brotado a ideia chave do acordo entre o Euro Grupo e a Grécia. 

Os minutos foram passando e nada . Pensei que isto seria obra dos malvados oposicionistas de esquerda ao regime esplendoroso do PPM. Malandros, já controlam os media. Afinal eu tinha lido pela manhã declarações do pequeno cantor que , de forma modesta, adequada e muito rigorosa declarou que "por acaso até fui eu a dar a ideia" . Bem, por acaso enfardei um bitoque ao almoço . Mas podia me ter encharcado numa caldeirada. Escolhas que ditam o fado da vida . Umas vezes ficamos com gases e outras temos mais sorte. 

Acabaram por não falar do pequeno cantor . Se calhar ele nem chegou a cantar pois não ?

Quem não passa num casting do La Feria para cantar na Revista à Portuguesa  é porque não tem voz nem para as festas de Santo Eustaquio das Matas. Quanto mais. 

Mais deprimente do que fazer mal é tentar passar a ilusão de que até se fez e muito bem .  




segunda-feira, 6 de julho de 2015

Bêbados ou só a queimar

Estou curioso 

Os credores, perante o toque-a-reunir dos gregos, estão perante um dilema. 

Existem dois caminhos a trilhar.

O primeiro é forçar as negociações, dando um chuto em rabo grego e na sua "menor" opinião democrática. Tão  bêbados que estão com o doce mel dos juros agiotas que cobram e nos prazos que os cobram, arriscam dessa foram o partir da corda e o colapso das suas fontes de rendimentos. 

Imagino que , na primeira opção, sonhem com a Quimera de governos soberbos que, vergados e subservientes, rasgam a própria constituição para servir alegremente as praças financeiras...bem, existe um país assim. Chama-se Portugal. Mas esses já estão domesticados pela colossal cobardia dos seus líderes. 

Numa segunda opção, entram num patamar de razoabilidade, bebem menos e mais devagar ..mas continuam a beber . Com mais calma e moderação . Aqui residem, no entanto, dois problemas . Um maior e outro menor. O problema maior é que estão adictos a esse fluxo de capitais que a classe média, enquanto acreditou na Grande Farsa, foi enviando, sem saber o destino exacto, privando os próprios filhos do elementar, privado-se eles próprios dos seus direitos e deveres. 

O problema menor é explicar a países menores na governação, como esse Portugal, que haviam outras formas. Que não se paga em 3 anos uma casa que iríamos  pagar em 30. Que não foram os povos que gastaram demais. Foram as regras que foram unilateralmente alteradas. Que, no fundo, não há regras quando os credores precisam de dinheiro. 

Explicar aos Portugueses, bem entendido seja, porque os governantes, esses, terão já o designer de interiores a preparar o seu próximo gabinete em Bruxelas ou no Goldman. 


quinta-feira, 2 de julho de 2015

Luio Onassis , o Artista




Emerge, depois de um longo tempo de vacatura, um artista plástico português verdadeiramente brilhante. 

Encontrei-o, por mero acaso, no Facebook. Num primeiro olhar, sem lhe conhecer ainda a obra, pensei tratar-se de um Manuel João Vieira da pintura. Ar alucinado e cabelo desgrenhado numa aparência retro dos anos 80, onde o bigode marcava a pincelada final,  Luio Onasis surgia, ele próprio, como uma nova pintura nas redes sociais. 

O segundo olhar foi para as suas criações artísticas. A ousadia do Luio, mente livre , é abrir espaço ao seu próprio imaginário , permitindo dessa forma que, também nós, sintamos a liberdade de quebrar regras e conceitos. 

Acompanhando o artista na sua viagem, compartilhamos da sua liberdade. Pintamos os sapatos ao Ronaldo, somos donos da nossa própria companhia aérea, decoramos o nosso carro de sonho com as cores de plasticina que são o sonho dos nossos filhos. Viajamos em Tourné Europeia, fumamos de cavas com -20C, andamos de mota de água e, por fim, em êxtase, pintamos o nosso próprio bigode. 

Enquanto viajamos, vamos criando. E o artista é como se fosse o lápis de cor do nosso imaginário. Cria a liberdade que sentimos e não conseguimos expressar. 

Não sou perito em Artes. Arisco, no entanto, colocar Luio num patamar de performance criativa ao nível dos mestres. O vibrante das suas cores, a intensidade pungente das formas e a harmonia do traço são as forças criadoras que  fazem nascer obras que diria filhas de Gaudi-Picasso . 

O Luio, de forma intencional ou meramente recreativa, conjuga a criação da sua personagem de homem-artista com as criações de Artista-homem que publica no Facebook. 

O que Luio faz, em suma,  é dar um bigode aos conceitos classissistas, mostrando que antes do artista existe o Homem, que só por si é arte. 

Arte performativa do Luio em perfeito sincronismo com a arte plástica do Onassis. 
 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Nada Alpiarça Nada


Não é fácil escrever sobre nada. O nada, o inexistente, o vazio são desoladores. E tentar escrever sobre política em Alpiarça, tem, hoje em dia, essa dificuldade acrescida. Não existe nada para se observar, criticar ou elogiar. Simplesmente porque nada se fez. E quem nada fez, tem alta probabilidade de não errar.
 

Em abono da verdade, em política, o “nada” é altamente criticável. Afinal os eleitores não votaram em nada. Votaram em algo, num projeto, em pessoas que julgavam capazes de lhes defender os interesses fosse em que dificuldade fosse. Meter a cabeça na areia e esperar que a falta de competência passasse despercebida é que, quero eu acreditar, não estava em nenhum programa eleitoral da CDU.

Por outro lado, além do angustiante nada, existe uma crescente vontade popular de mudar a forma como se faz política. E este sentimento percorre todo o País. As máquinas dos partidos políticos estão ferrugentas, burocráticas e atrasadas no tempo. Sente-se que não representam a vontade dos eleitores e são muitas vezes povoadas por candidatos que se apresentam a votos em terras ou distritos que não conhecem. Por vezes é próprio País que desconhece tais distintos candidatos. Pior, sabem que não representam os desejos dos eleitores e, mesmo assim, prosseguem o seu desejo de se candidatar.

A mudança começa nas Autarquias. Porque são as eleições Autárquicas que melhor representam a vontade das pessoas. Sabemos quem são os candidatos. Vimo-los crescer como pessoas, como gostam ou não de ajudar o próximo, quais os seus valores familiares e como se empenham no seu trabalho para providenciar o melhor possível para os seus enquanto pais e mães de família.

Apenas não se consegue mudar quando os nossos eleitos defendem o Nada. Um Nada que vem do facto de o Presidente não ser Presidente, não ter poder para decidir, da bancada da Assembleia estar sob orientação “técnica” de um olheiro do PCP de Santarém, das orientações politicas virem de Lisboa para “iluminar” estes pobres homens do campo que nada sabem.

E deste grande e gordo Nada que tem sido a governação do PCP em Alpiarça, resulta um Nada de Médicos, Nada de apoios aos agricultores (com honrosa excepção do campo relvado e o muro do Jerónimo à beira da vala), Nada de encolher a divida para continuar a pagar juros á banca, Nada de alterar as políticas escolares e apoiar a formação de jovens, Nada de investir para fixar investimento.

Nadinha de Nada. Nada Alpiarça, Nada.

Como fui criado no campo, aprendi com pais e avós, fosse a aproveitar semente de melão que me cortavam os dedos com gretas ou a carregar às costas cestos de latão com uva “Farrampil” que castigavam os ombros de um franzino rapaz, que o Nada não nos consola o estômago e que mais do Nada lentamente nos envenena a alma.

TODOS BONS RAPAZES


São muitas as vezes em que reflicto, sem vergonha de me sentir desconhecedor, que qualidades são fundamentais para se ser um bom Presidente de Câmara. Será o caracter? Será o partido político que o faz eleger e o apoia durante o mandato? Serão os vereadores, assessores e outros directores?

Concedo que ser autarca é uma missão cada vez mais difícil e exigente. Os tempos que correm, e correm depressa, não dão tréguas àqueles que não se preparam diariamente ou, pior, aos que nunca estiveram realmente preparados e que ostentam com orgulho as velhas práticas do passado. Afastam-se de nós os tempos, 38 anos para ser preciso, em que a boa vontade e os escancarados cofres do estado serviam de camuflagem aos mais ridículos desperdícios de dinheiro e davam asas de grande envergadura para que oportunidades voassem e nunca mais pousarem na nossa terra.   

O que não concedo, como Alpiarcense e contribuinte, é observar, sem opinião ou com medo de a dar, a nossa terra a arrastar-se ao sabor da ideia de que somos pequenos, coitadinhos e condenados ao fracasso.

Não, não somos.

Por outro lado, fazer passar a ideia de que o executivo do PCP, depois de 3 anos de mandato, é apenas uma vítima da gestão anterior e que por isso não consegue governar é desonesto e obscuro. Desonesto para com os eleitores que acreditaram no programa eleitoral do PCP e obscuro porque serve para tapar a incompetência generalizada deste executivo.

Há que mexer, descolar as calças da cadeira Presidencial, cortar a mordaça que o Comité Central ata forte, bater à porta de gabinetes ministeriais e exigir, ser eficaz na estratégia, irreverente na iniciativa e experiente na execução. Em conclusão, fazer o mais básico que deve fazer um executivo municipal, servir a população.   

Uma coisa sei, sem vergonha de ser conhecedor, é que ser Presidente de Câmara não é enterrar a cabeça na areia, carpir supostas dívidas do passado e usar o programa eleitoral apenas como um livro inútil que até pode servir de cunha a uma qualquer mesa de pés tortos que haja lá na Câmara. Porque o povo votou em pessoas, ideias e, para o caso do PCP, em ideais. Os outros partidos também têm ideais, mas é-lhes dada a liberdade de governar em conformidade com as exigências do momento e as características próprias de cada terra. Não precisam de esperar por decisões da sede em Lisboa.

E é esse povo que espera que os autoproclamados arautos da liberdade os libertem e lhes dêem as ferramentas para que possam viver melhor e numa terra melhor. Infelizmente iremos esperar em vão. Um executivo que não se consegue governar a ele próprio não tem, como se vem comprovando, as ferramentas para trabalhar lado a lado com os trabalhadores, empresários e forças vivas da terra.    

Ser Presidente de Câmara não é apenas exibir uma medalha de bom rapaz e outra de homem honesto.

Porque se fossem essas as duas únicas qualidades necessárias para se governar uma terra, então a maioria da população de Alpiarça poderia substituir de imediato o Presidente.

quarta-feira, 13 de junho de 2012


Alpiarça Alvorada


Alpiarça, onde é que é isso?


Tenho passado uma boa parte da vida a explicar, com alegria e orgulho, onde é, e o que é a minha terra. Qualquer pessoa sabe que para sabermos quem somos é fundamental saber de onde viemos. As raízes, a família, o cheiro da terra lavrada, as lagrimas dos que ficam ao ver outros partir. Sentem-se os pequenos lugares, aquela fonte que nos intrigava quando caminhávamos para a escola ou a estrada em pedra que nos castigava os pés mal calçados. As carroças, “coquineques” e tractores que, pela manhã, já levavam meio-dia de trabalho. Gente de pele queimada mas com sorriso brilhante. Um sempre em tronco nu. Vendiam-se melancias à borda da vala. Compravam-se muitas Minis à borda da vala. E o sol ia passando, dia após dia, para nos marcar o passo. Os homens pisavam uvas e os gaiatos bebiam o mosto às escondidas. Depois, de zurrapa, os gaiatos ouviam histórias de um passado recente e comum. Lutas, sempre as lutas. Desde o tempo das paulitadas entre os “caraças” e os “malhados”, as patrulhas da PIDE, levantamentos do povo, ocupações, bandeiras negras da fome, bailes de “gaibéus” com escaramuças em música de fundo. Um povo guerreiro, um povo com orgulho.

Hoje, continuo a explicar, com orgulho constante, onde é a minha terra, quem são as minhas gentes, de onde vieram os meus avós.   

Mas, hoje, continuando o orgulho de ser, falta-me a alegria de sentir.

O passado e a herança são fundamentais para sabermos quem somos. Mas o presente é essencial para sabermos quem viremos, no futuro a ser.

E o presente, a cada dia que passa, é como o Tejo no qual Alpiarça se encosta. Agua estagnada e escura e montes de areia velha em vez de um rio com vida, de águas límpidas e areias novas e lavadas.

Alpiarça vai envelhecendo e arrastando-se. Amorfa. Uma Rua Direita de casas a cair, uma Casa Museu dos Patudos única no pais e à qual se dá a mesma importância que a uma adega de vinho, uma zona industrial escondida atrás de um monte de terra escavada, um parque de campismo que parece saído de um filme de cidade abandonada e assombrada.

Como ter alegria ao ver pessoas que escolhem a nossa terra para viver, vindos de outro País, a vaguear por essa reserva ecológica, usando-a para cuidar da sua higiene pessoal? 

Como ter alegria quando, numa terra em que existem tantos praticantes de caminhadas nocturnas, algo tão raro no País como saudável para quem as faz, se atravessem tantas zonas sombrias da vila, sem luz, como se a própria chama de Alpiarça se estivesse a apagar de dia para dia?

E este é o sentimento que vai atando as mãos devagar. Fomos aceitando o destino e deixámo-nos assombrar e adormecer.

Os decisores de Alpiarça foram distribuindo analgésicos morais e ideológicos. Ficámos adormecidos e dormentes com a famigerada crise e com as supostas dívidas do passado. Deixámos de acreditar em nós e na nossa terra. Porque assim é mais confortável. Pensar e desenvolver é uma tarefa dura e o povo é mais feliz quanto menos tiver que pensar. O mesmo se passa em Repúblicas que não são Repúblicas de Coreias que não são do Sul.

Eu sou daqueles Alpiarcenses que prefere não tomar esse comprimido para dormir. Eu sou daqueles Alpiarcenses que sabe que a terra que os viu nascer não é terra que, hoje, se quer amolecer e controlar. Alpiarça não é terra de gente mole. É terra de um Ribatejano rijo com sangue a fervilhar. Quero estar desperto, atento e sentir o pulso da minha terra.

Alpiarça, por mais que venham para a rua gritar, é uma terra de futuro e de futuros. É uma terra de gente lutadora, gente briosa e capaz, de novas gerações que conhecem o mundo e preferem voltar. De gentes de outras terras que a escolhem para morar. Tem terras férteis, industrias que crescem, paisagens únicas e um potencial de turismo sem paralelo. Em resumo, tem tudo para ser feliz.

Eu acredito numa nova Alvorada e num futuro melhor.

Eu acredito na minha terra.