São muitas as vezes em que
reflicto, sem vergonha de me sentir desconhecedor, que qualidades são
fundamentais para se ser um bom Presidente de Câmara. Será o caracter? Será o
partido político que o faz eleger e o apoia durante o mandato? Serão os
vereadores, assessores e outros directores?
Concedo que ser autarca é uma
missão cada vez mais difícil e exigente. Os tempos que correm, e correm
depressa, não dão tréguas àqueles que não se preparam diariamente ou, pior, aos
que nunca estiveram realmente preparados e que ostentam com orgulho as velhas
práticas do passado. Afastam-se de nós os tempos, 38 anos para ser preciso, em
que a boa vontade e os escancarados cofres do estado serviam de camuflagem aos
mais ridículos desperdícios de dinheiro e davam asas de grande envergadura para
que oportunidades voassem e nunca mais pousarem na nossa terra.
O que não concedo, como
Alpiarcense e contribuinte, é observar, sem opinião ou com medo de a dar, a
nossa terra a arrastar-se ao sabor da ideia de que somos pequenos, coitadinhos
e condenados ao fracasso.
Não, não somos.
Por outro lado, fazer passar a
ideia de que o executivo do PCP, depois de 3 anos de mandato, é apenas uma vítima
da gestão anterior e que por isso não consegue governar é desonesto e obscuro.
Desonesto para com os eleitores que acreditaram no programa eleitoral do PCP e
obscuro porque serve para tapar a incompetência generalizada deste executivo.
Há que mexer, descolar as calças
da cadeira Presidencial, cortar a mordaça que o Comité Central ata forte, bater
à porta de gabinetes ministeriais e exigir, ser eficaz na estratégia, irreverente
na iniciativa e experiente na execução. Em conclusão, fazer o mais básico que
deve fazer um executivo municipal, servir a população.
Uma coisa sei, sem vergonha de
ser conhecedor, é que ser Presidente de Câmara não é enterrar a cabeça na areia,
carpir supostas dívidas do passado e usar o programa eleitoral apenas como um
livro inútil que até pode servir de cunha a uma qualquer mesa de pés tortos que
haja lá na Câmara. Porque o povo votou em pessoas, ideias e, para o caso do
PCP, em ideais. Os outros partidos também têm ideais, mas é-lhes dada a
liberdade de governar em conformidade com as exigências do momento e as
características próprias de cada terra. Não precisam de esperar por decisões da
sede em Lisboa.
E é esse povo que espera que os
autoproclamados arautos da liberdade os libertem e lhes dêem as ferramentas
para que possam viver melhor e numa terra melhor. Infelizmente iremos esperar
em vão. Um executivo que não se consegue governar a ele próprio não tem, como
se vem comprovando, as ferramentas para trabalhar lado a lado com os
trabalhadores, empresários e forças vivas da terra.
Ser Presidente de Câmara não é
apenas exibir uma medalha de bom rapaz e outra de homem honesto.
Porque se fossem essas as duas únicas
qualidades necessárias para se governar uma terra, então a maioria da população
de Alpiarça poderia substituir de imediato o Presidente.
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