segunda-feira, 1 de outubro de 2012

TODOS BONS RAPAZES


São muitas as vezes em que reflicto, sem vergonha de me sentir desconhecedor, que qualidades são fundamentais para se ser um bom Presidente de Câmara. Será o caracter? Será o partido político que o faz eleger e o apoia durante o mandato? Serão os vereadores, assessores e outros directores?

Concedo que ser autarca é uma missão cada vez mais difícil e exigente. Os tempos que correm, e correm depressa, não dão tréguas àqueles que não se preparam diariamente ou, pior, aos que nunca estiveram realmente preparados e que ostentam com orgulho as velhas práticas do passado. Afastam-se de nós os tempos, 38 anos para ser preciso, em que a boa vontade e os escancarados cofres do estado serviam de camuflagem aos mais ridículos desperdícios de dinheiro e davam asas de grande envergadura para que oportunidades voassem e nunca mais pousarem na nossa terra.   

O que não concedo, como Alpiarcense e contribuinte, é observar, sem opinião ou com medo de a dar, a nossa terra a arrastar-se ao sabor da ideia de que somos pequenos, coitadinhos e condenados ao fracasso.

Não, não somos.

Por outro lado, fazer passar a ideia de que o executivo do PCP, depois de 3 anos de mandato, é apenas uma vítima da gestão anterior e que por isso não consegue governar é desonesto e obscuro. Desonesto para com os eleitores que acreditaram no programa eleitoral do PCP e obscuro porque serve para tapar a incompetência generalizada deste executivo.

Há que mexer, descolar as calças da cadeira Presidencial, cortar a mordaça que o Comité Central ata forte, bater à porta de gabinetes ministeriais e exigir, ser eficaz na estratégia, irreverente na iniciativa e experiente na execução. Em conclusão, fazer o mais básico que deve fazer um executivo municipal, servir a população.   

Uma coisa sei, sem vergonha de ser conhecedor, é que ser Presidente de Câmara não é enterrar a cabeça na areia, carpir supostas dívidas do passado e usar o programa eleitoral apenas como um livro inútil que até pode servir de cunha a uma qualquer mesa de pés tortos que haja lá na Câmara. Porque o povo votou em pessoas, ideias e, para o caso do PCP, em ideais. Os outros partidos também têm ideais, mas é-lhes dada a liberdade de governar em conformidade com as exigências do momento e as características próprias de cada terra. Não precisam de esperar por decisões da sede em Lisboa.

E é esse povo que espera que os autoproclamados arautos da liberdade os libertem e lhes dêem as ferramentas para que possam viver melhor e numa terra melhor. Infelizmente iremos esperar em vão. Um executivo que não se consegue governar a ele próprio não tem, como se vem comprovando, as ferramentas para trabalhar lado a lado com os trabalhadores, empresários e forças vivas da terra.    

Ser Presidente de Câmara não é apenas exibir uma medalha de bom rapaz e outra de homem honesto.

Porque se fossem essas as duas únicas qualidades necessárias para se governar uma terra, então a maioria da população de Alpiarça poderia substituir de imediato o Presidente.

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