segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Nada Alpiarça Nada


Não é fácil escrever sobre nada. O nada, o inexistente, o vazio são desoladores. E tentar escrever sobre política em Alpiarça, tem, hoje em dia, essa dificuldade acrescida. Não existe nada para se observar, criticar ou elogiar. Simplesmente porque nada se fez. E quem nada fez, tem alta probabilidade de não errar.
 

Em abono da verdade, em política, o “nada” é altamente criticável. Afinal os eleitores não votaram em nada. Votaram em algo, num projeto, em pessoas que julgavam capazes de lhes defender os interesses fosse em que dificuldade fosse. Meter a cabeça na areia e esperar que a falta de competência passasse despercebida é que, quero eu acreditar, não estava em nenhum programa eleitoral da CDU.

Por outro lado, além do angustiante nada, existe uma crescente vontade popular de mudar a forma como se faz política. E este sentimento percorre todo o País. As máquinas dos partidos políticos estão ferrugentas, burocráticas e atrasadas no tempo. Sente-se que não representam a vontade dos eleitores e são muitas vezes povoadas por candidatos que se apresentam a votos em terras ou distritos que não conhecem. Por vezes é próprio País que desconhece tais distintos candidatos. Pior, sabem que não representam os desejos dos eleitores e, mesmo assim, prosseguem o seu desejo de se candidatar.

A mudança começa nas Autarquias. Porque são as eleições Autárquicas que melhor representam a vontade das pessoas. Sabemos quem são os candidatos. Vimo-los crescer como pessoas, como gostam ou não de ajudar o próximo, quais os seus valores familiares e como se empenham no seu trabalho para providenciar o melhor possível para os seus enquanto pais e mães de família.

Apenas não se consegue mudar quando os nossos eleitos defendem o Nada. Um Nada que vem do facto de o Presidente não ser Presidente, não ter poder para decidir, da bancada da Assembleia estar sob orientação “técnica” de um olheiro do PCP de Santarém, das orientações politicas virem de Lisboa para “iluminar” estes pobres homens do campo que nada sabem.

E deste grande e gordo Nada que tem sido a governação do PCP em Alpiarça, resulta um Nada de Médicos, Nada de apoios aos agricultores (com honrosa excepção do campo relvado e o muro do Jerónimo à beira da vala), Nada de encolher a divida para continuar a pagar juros á banca, Nada de alterar as políticas escolares e apoiar a formação de jovens, Nada de investir para fixar investimento.

Nadinha de Nada. Nada Alpiarça, Nada.

Como fui criado no campo, aprendi com pais e avós, fosse a aproveitar semente de melão que me cortavam os dedos com gretas ou a carregar às costas cestos de latão com uva “Farrampil” que castigavam os ombros de um franzino rapaz, que o Nada não nos consola o estômago e que mais do Nada lentamente nos envenena a alma.

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