Não
é fácil escrever sobre nada. O nada, o inexistente, o vazio são desoladores. E
tentar escrever sobre política em Alpiarça, tem, hoje em dia, essa dificuldade
acrescida. Não existe nada para se observar, criticar ou elogiar. Simplesmente
porque nada se fez. E quem nada fez, tem alta probabilidade de não errar.
Em
abono da verdade, em política, o “nada” é altamente criticável. Afinal os
eleitores não votaram em nada. Votaram em algo, num projeto, em pessoas que
julgavam capazes de lhes defender os interesses fosse em que dificuldade fosse.
Meter a cabeça na areia e esperar que a falta de competência passasse
despercebida é que, quero eu acreditar, não estava em nenhum programa eleitoral
da CDU.
Por
outro lado, além do angustiante nada, existe uma crescente vontade popular de
mudar a forma como se faz política. E este sentimento percorre todo o País. As
máquinas dos partidos políticos estão ferrugentas, burocráticas e atrasadas no
tempo. Sente-se que não representam a vontade dos eleitores e são muitas vezes
povoadas por candidatos que se apresentam a votos em terras ou distritos que
não conhecem. Por vezes é próprio País que desconhece tais distintos
candidatos. Pior, sabem que não representam os desejos dos eleitores e, mesmo
assim, prosseguem o seu desejo de se candidatar.
A
mudança começa nas Autarquias. Porque são as eleições Autárquicas que melhor
representam a vontade das pessoas. Sabemos quem são os candidatos. Vimo-los
crescer como pessoas, como gostam ou não de ajudar o próximo, quais os seus
valores familiares e como se empenham no seu trabalho para providenciar o
melhor possível para os seus enquanto pais e mães de família.
Apenas
não se consegue mudar quando os nossos eleitos defendem o Nada. Um Nada que vem
do facto de o Presidente não ser Presidente, não ter poder para decidir, da
bancada da Assembleia estar sob orientação “técnica” de um olheiro do PCP de
Santarém, das orientações politicas virem de Lisboa para “iluminar” estes
pobres homens do campo que nada sabem.
E
deste grande e gordo Nada que tem sido a governação do PCP em Alpiarça, resulta
um Nada de Médicos, Nada de apoios aos agricultores (com honrosa excepção do
campo relvado e o muro do Jerónimo à beira da vala), Nada de encolher a divida
para continuar a pagar juros á banca, Nada de alterar as políticas escolares e
apoiar a formação de jovens, Nada de investir para fixar investimento.
Nadinha
de Nada. Nada Alpiarça, Nada.
Como
fui criado no campo, aprendi com pais e avós, fosse a aproveitar semente de
melão que me cortavam os dedos com gretas ou a carregar às costas cestos de
latão com uva “Farrampil” que castigavam os ombros de um franzino rapaz, que o
Nada não nos consola o estômago e que mais do Nada lentamente nos envenena a
alma.