sábado, 4 de junho de 2011

E Fidel castro comprou um IPAD…2



Fidel Castro comprou um IPAD 2. Quer isto dizer que já tinha comprado o primeiro, devolveu na loja, dentro do prazo de experiência, e comprou a segunda versão.


 
Poder ser verdade ou especulação, mas é o ponto de partida para a mudança de paradigma na política internacional.


Algo vai mudar no mundo. Florescem os movimentos cívicos, existem centelhas de movimentos de inspiração anarquistas, pacifistas e retro idealistas. O pulsar da alma destas gentes leva-nos a acreditar que estará de volta uma geração de 60 que voltará a convulsionar e, inevitavelmente mudar o mundo.

Existem, no entanto, duas constantes que abalam os, ainda em construção, pilares destes movimentos. A primeira constante é a falsa convicção, já mitigada, de que podemos alterar a natureza política do Homem fazendo-o migrar do desejo de poder para um estádio de consciência social. A segunda é perceber se queremos mesmo mudar e para onde.

Os políticos irão sempre adormecer em sonhos de poder. E a consciência social estará sempre reservada ao indivíduo isolado, sendo medida pela sua personalidade. Ilumina-se então, como óbvia, a solução. Juntar os dois predicados. E aqui começam os reais problemas. Não são compatíveis. Quem deseja o poder e o alcança, no caminho que tem de trilhar e para ter sucesso, estás desprovido ou auto aniquila, no caminho, qualquer tipo de sentido de orientação para as necessidades do seu semelhante. Não se pode pedir que um guerreiro no coliseu sobreviva nutrindo sentimentos de compaixão por qualquer pessoa ou bicho que mexa à sua volta.

Entre o poder e o social, os Homens escolheram, nas duas últimas décadas, o conforto do primeiro em detrimento da provação do segundo.

Não existe, por conseguinte, razões suficientes para uma revolta social como as que assistimos no passado. As democracias estão consolidadas, gostamos da Flat Screen TV, compramos por impulso o que, provavelmente, foi fabricado por crianças da idade dos nossos filhos e adormecemos docemente no sofá que ainda estamos a pagar ao Banco.

Paradoxalmente o nosso acesso à informação é universal. Nunca tantos tiveram acesso a tanta informação. Informação, no entanto, não está na esfera dos saberes e do conhecimento. Estão a uma distância cósmica.

Em resumo, as mudanças profundas ocorrem quando estamos muito pobres ou muito ricos. Na pobreza sobreleva-se o instinto de sobrevivência onde o único objectivo é saciar a fome. Na riqueza este uma fome mais nefasta mas nem por isso menor, a fome de mais poder.

Considerando que o mundo ocidental nos deu o equilíbrio entre o poder destas forças, ficámos desleixados, gordos e preguiçosos. Preguiçosos intelectuais.

Podemos até vir para a rua gritar, contestar os políticos e desejar a lapidação do grande capital. Podemos acampar e fazer um idílico Brain Storm sobre consciências, calores de mudança e novas tendências. Mas não podemos levar o IPAD para ver se vai chover ou onde é o restaurante Vegan mais próximo. Não se pode ter o melhor de todos os mundos, porque escolhemos a dormência do material, o conforto do imediato e a indigestão da informação consumida sem critério.

 
Não sou futurologista, mas julgo que assim que a crise mundial passar voltaremos à suave domesticação. Se a crise não passar, não serão com cravos e abraços e acordos de não agressão. Se a crise se agravar temo que façamos um retrocesso dramático e violento. Não para as flores dos anos 60 ou dos cravos de 74 mas para outros quaisquer 3 F´s que foram a batuta Portuguesa por mais de 4 décadas. E, chegado esse dia, não haverá IPAD que nos valha.


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