domingo, 13 de junho de 2010

O meu vizinho tem uma Vuvuzela



O meu vizinho tem uma Vuvuzela. È a sua Vuvuzela. Podem existir muitas Vuvuzelas mas aquela é a sua e não existe outra igual. A sua Vuvuzela é a sua melhor amiga. Domina-a como domina a sua própria vida. Sem a sua Vuvuzela sente-se inútil e a sua Vuvuzela é inútil sem ele. Ele sopra a sua Vuvuzela com a alma e, com ambas, sopra contra os seus temíveis inimigos. Sabe que, soprando com força, vencerá as Vuvuzelas daqueles que sopram contra ele. E, perante Deus, reza, sabendo que defende o seu pais com a sua Vuvuzela. E vai soprar, haja pulmão, até não ter inimigos…..E não ter amigos também!


O meu vizinho brame a sua Vuvuleza, acaricia-a com os lábios e enche-a de pulmões. O som faz-me lembrar um touro solitário nas lezírias de Vila Franca. Ao primeiro “MUUUUU” a sua mulher sai de casa.

Será que ela sai por não suportar ouvir a Vuvuzela ou será que ele toca porque ela vai, outra vez, sair sem ele?

terça-feira, 8 de junho de 2010

LOST



LOST

O argumento num parágrafo



“Existia uma Ilha que tinha uma rolha. Quem tirasse a rolha rebentava a bolha. Como em tudo na vida, uns queriam tirá-la e outros queriam mantê-la enfiada”


Para que não haja sarilho, o LOST foi, do meu ponto de vista, o melhor argumento televisivo de todos os tempos. Poderão, como defende convictamente a minha mulher, os argumentistas ter tomado demasiados ácidos. È, também, altamente provável que se tenham perdido nos caminhos argumentativos e que, juntando agora as estradas, existam demasiadas rotas sem sentido e a desembocar no vazio.

O segredo do êxito foi usar os ingredientes de sempre e misturá-los numa fórmula nova.

Amor, separação, abnegação, purgatório, paraíso, perda, “achamento”, herói, vilão. Nada de novo nos ingredientes.

A fórmula, no entanto, revolucionou a ciência da argumentação televisiva. Presenteou-nos com uma imagem, quase real que, não obstante a crença ou falta dela, a vida não acaba com a morte. Que existe uma ilha para continuarmos…nem que seja para recordar o que vivemos.